10 de ago. de 2022

Quem é você, Alasca?, John Green

É um livro para adolescentes e  com toda certeza conversa mais com os jovens do que comigo, mas tive a curiosidade para conhecer o autor e uma de suas obras populares sendo um best-seller no Brasil e no mundo, além de ser vencedor de alguns prêmios literários estadunidenses.

Vamos entrar na vida e na mente de Miles Halter, um garoto que tem fascinação pelas últimas palavras grandes pessoas, como escritores, poetas, presidentes etc. Por se sentir entediado vivendo com os pais, ele ingressa em uma escola (uma espécie de internato), esperando encontrar novas emoções e experiências.

Não achei a história tudo isso, e sinceramente a leitura foi mais um peso por estar sendo enfadonha, eu queria terminar o quanto antes e não porque eu estava devorando e imersa na história, mas sim porque não estava me prendendo. Houve diversos momentos que eu não aguentava mais estar com esse livro, por conta disso demorei uma semana para terminar.

Os personagens são rasos, também nenhum me chamou muito a atenção, no entanto a Alasca é a personagem que mais me cativou, deu a sensação de que o autor deu um carinho e atenção maior. Em contra ponto o posicionamento da Alasca como feminista e todas as frases de efeito dela parecia extremamente artificiais e mais como algo moralizante que o livro queria passar e não como característica da personagem, não me soou com algo fluído e natural dela, mas algo extremamente artificial.

Alasca, além do mais, é uma personagem pela qual o leitor vai se interessar, ela é inteligente e muito peculiar. O narrador é em primeira pessoa, temos a visão do Miles sobre ela, e muitas vezes é extremamente idealizada. Há momentos que ele não está interessado na real Alasca e sim em suas conjecturas, e isso é trazido pelo autor, quando a própria Alasca fala para Miles que ele só está interessado na parte dela que fuma, bebe e é divertida e alto astral. Não na verdadeira Alasca, quebrada emocional e psicologicamente, bem como suas outras facetas como ser humano.

Já Miles é um personagem totalmente intragável para mim, ele é extremamente egoísta e acha que todos têm de estar sempre prontos e dispostos para ele. Outra coisa que achei estranho é o quanto Alasca é sexualizada pela visão dele (a menina nem chegou aos dezoito anos ainda), várias passagens são de revirar os olhos, mas talvez seja a dinâmica que o autor queria passar para esse personagem. Tendo em vista que são suas primeiras experiências da vida adolescente (por volta dos 15/16 anos), algumas coisas se "justificam" como o egoísmo excessivo. O resto são personagens bem opacos, e alguns até sem relevância e bem esquecíveis, infelizmente não fazem diferença na trama.

Ademais, a história é bem típica, e nada muito diferente de histórias adolescente que envolve novas escolas, amigos, cigarros, bebidas e afins… Apesar de achar muita coisa esperável e bem clichê, sei que esse livro tem relevância para os jovens, mas isso não impede de ter um olhar mais crítico sobre a obra. Há vários momentos que precisavam de profundidade e não tem, assim como mais descrições e menos infantilidade na narrativa, além de pedantes (no sentido de força algumas coisas no enredo).

Não gostei da história, porém, achei a escrita do John Green bem fluida e direta com alguns pontos altos ao longo do livro. O autor se comunica muito bem com seu público, e talvez se eu tivesse lido com uns 13 anos teria gostado, além disso tem algumas reflexões sobre vida, morte, suicídio e lidando com o luto. No entanto, no momento atual que estou como leitora, achei a história super clichê, previsível e cheio de personagens e momentos "sem sal". Lembre-se, querido leitor, essa é minha opinião, não deixe de ler um livro só porque eu não gostei, sinta-se a vontade para ter suas experiências literárias.



22 de jul. de 2022

Contos novos, Mário de Andrade

Terminei essa semana esse livro, que de alguma forma ficou comigo todo esse semestre, pois fiz algumas análises na disciplina de Literatura Brasileira. Esse é um livro que fica sendo digerido durante dias em sua mente, é um livro que vai te tirar da zona de conforto, caso não esteja familiarizado com a escola modernista brasileira.

Antes de falarmos propriamente do livro, é necessário falar do movimento modernista brasileiro na literatura. A grosso modo, esse é um momento de amadurecimento da nossa literatura, com enaltecimento e valorização da própria cultura brasileira usando de inspiração as vanguardas europeias e ideias dos grandes pensadores ocidentais modernos, Kalr Max, Freud e Nietzsche. Sendo assim, a literatura modernista é caracterizada por pautas sociais, predomínio da critica, questionamento do ser e do que conhecemos do mundo.


Contos novos publicado postumamente, em 1947, e narra os relatos da maturidade artística de Mário de Andrade. Trata-se de uma coletânea de textos escritos pelo autor ao longo de sua vida, desde os primeiros momentos do Modernismo, passando pelo gênero nacionalista e pela interpretação crítica, sem perder suas características artísticas e estéticas. 

Ademais, os contos não estão ligados narrativamente, no entanto tem algo em comum que é a inquietação humana do ser, fala sobre moralidade, sexualidade, sociedade, marginalização de grupos e classes. Na sua totalidade, os contos são incríveis, tanto na forma narrativa, na ambientação e construção do personagens, quanto no desenrolar dos acontecimentos. Mesmo sendo contos, que em sua essência tem uma narrativa breve, são grandiosos, porque os personagens são interessantes, e o leitor imerge dentro da personalidade dos personagens. Mário consegue aguçar a imaginação e o envolvimento do leitor com suas obras, e em Contos Novos não é diferente. São contos para serem lidos e relidos, para serem degustados lentamente, para serem refletidos, questionados e estudados. Nos próximos parágrafos irei falar brevemente dos contos que mais me chamaram a atenção.

Em Vestida de Preto – Narrador personagem, o qual nos mostra através das suas memórias seu primeiro e único amor e a perda da inocência da infância por meio da malícia dos adultos. Através de um contexto freudiano, o protagonista discorre sobre suas dores pelo amor que sentiu em toda sua vida e como foi moldado por ele. Já em O ladrão temos um cenário coletivo no meio da madrugada. Alguém grita ladrão e a vizinhança desperta do seu sono e  começam a busca pelo ladrão. Em meio ao caos, os vizinhos vão interagindo, em tais interações o escritor usa as entrelinhas para falar sobre a moral, machismo, adultério e muito mais dos sujeitos dessa comunidade.

Ademais, em Primeiro de Maio temos novamente o tema da coletividade, mas em uma perspectiva diferente. Um narrador onisciente seletivo aproxima-se de 32, um jovem com inocência política e pertencente ao proletariado, vai aproveitar, inicialmente, o feriado, e ao terminar do dia está com suas convicções diferentes. Mostra o amadurecimento de um jovem com desilusões e visão de mundo limitada sobre o que está acontecendo no Brasil no período em que vive.

O poço fala novamente sobre questões sociais, um patrão caprichoso coloca em risco a saúde e a vida dos empregados de sua fazenda, sem ao menos se importar com o que pode acontecer a eles. Frederico Paciência já é um conto mais voltado ao interno, ao sujeito e como a sociedade não aceita o homossexual. Julga e isola na menor oportunidade de estranheza e suspeita de algo fora da normatividade. É um conto sobre o romance de dois amigos, Juca e Frederico, um pouco antes do ensino médio até o final deste, e o resultado do medo do pecado, medo do julgamento e da estrutura social. 

Por fim, o Tempo da Camisolinha o narrador conta suas memórias de infância e como este entendia o mundo, como era seus primeiros pensamentos e entendimento a respeito da vida e de como lidar com as coisas, entender as leis dos adultos e os sofrimentos do mesmo.

Para encerrar esse post, portanto, vamos falar do escritor Mário de Andrade. O qual  foi um poetacontistacronistaromancistamusicólogohistoriador de arte, crítico e fotógrafo brasileiro. Um dos fundadores do modernismo no país, ele praticamente criou a poesia brasileira moderna com a publicação de sua Pauliceia Desvairada em 1922.

18 de jul. de 2022

Coraline (livro), Neil Gaiman

Uma história que é muito mais do que imaginamos, há muito para ser lido nas entrelinhas! Escrito por ninguém menos do que Neil Gaiman, um escritor que estou me aventurando recentemente. Finalmente estou escrevendo essa resenha, a leitura foi feita a semanas atrás, no entanto eu não tive tempo, por conta do fim do semestre, para sentar e colocar meus pensamentos no "papel". Li a versão digital, então esse post rechiei de gifs do filme (que gosto muito).


Coraline é uma novela de terror com um narrador onisciente aproximado ao ponto de vista de Coraline, uma criança curiosa e negligenciada pelos pais. Logo no início da trama a família se muda para um novo apartamento próximo a uma floresta. Em meio a adaptação ao novo local, o distanciamento entre Coraline e seus pais fica cada vez mais evidente, sempre estão trabalhando ou ocupados de mais para dar atenção à menina. Ao adentrar mais na história detalhes surrealistas tomam forma e a vida da protagonista e de todos a sua volta corre perigo.

Finalmente li Coraline, sendo está minha segunda incursão pelos escritos do Neil Gaiman, gostei muito da leitura, sempre há mais para se ver nas entrelinhas, também há diversos detalhes que enriquecem a história e entendemos o que leva cada situação, o relacionamento dos pais com a protagonista, por exemplo. Eles sempre parecem cansados, sempre estão trabalhando. Notamos que a situação financeira deles não é muito boa, ao ser descrito, pelo olhar de Coraline, que a comida congelada era pouca ou havia pouco o que consumir na casa, ou o que havia era sempre as mesma coisas (algo que parece ser barato).

Sendo assim, outro mundo é apresentado com uma riqueza de cores, comida, atenção, brinquedos variados e tudo o que a jovem não tem no seu mundo, mas gostaria de ter. Uma comparação com a animação que me chama atenção é, principalmente, o uso das cores. Tons em amarelo para o outro mundo e tons azulados e/ou cinza para o mundo da protagonista. Elementos surreais criam vida e dá ao enredo a urgência, desespero e perigo que o ser aracnídeo representa para o mundo da jovem.

É uma história, portanto, que me deu a sensação de que está conectada com algo há mais, e sempre que eu for ler vou encontrar um novo detalhe, que passou despercebido por mim inicialmente. Ao longo da leitura eu ficava comparando com a animação, e por vezes imaginava tal estética para dar vida a história, já que foi meu primeiro contato. Com toda certeza vou ler muito mais o autor!

6 de jul. de 2022

BIENAL DO LIVRO (São Paulo) 2022

Finalmente venho a escrever sobre a tão aguardada Bienal do livro de São Paulo, adiada em 2020 por conta da pandemia do coronavírus. Como já era de se esperar há muito o que se explorar, muitas editoras com preços ótimos, outras nem tanto, há muitos lugares para tirar fotos e outras capricharam na decoração. Como sempre muita cor, luz e barulho que eu não sabia que sentia falta, apesar de no fundo ainda achar estranho. Em suma estava muito muito bom e mais maravilhoso ainda, pois eu estava com minha mãe e minha irmã, essa foi a primeira bienal delas.

Fui na bienal de 2018 não tirei nenhuma foto, mas fiz um post sobre as comprinhas, caso você queira saber quais os livros que comprei, basta clicar em Bienal de 2018.

Eu (A  própria exploradora de páginas)
 
Uma coisa que mudou em mim foi o animo para tirar fotos, gravar alguns vídeos curtos e me divertir de mais. Em 2018 fui na bienal de São Paulo (claro) e não tirei uma foto se quer!! Atualmente acho que foi a minha maior burrice, que eu deveria ter aproveitado e tudo o mais. No entanto naquela época eu estava péssima psicologicamente, estou muito feliz por ter evoluído a ponto de conseguir sorrir nas fotos e tirar várias delas! Embora no momento que estou redigindo o post eu penso que deveria ter tirado ainda mais!

Estou aprendendo que há vários e vários momentos que devemos eternizar em nossas vidas, seja uma incidência de luz na janela, seja grandes eventos, e não importa muito se estamos com os melhores sorrisos ou não...O importante é ter momentos eternizados!

Eu e minha mãe

Outra coisa que amo compartilhar é a sobre o que comprei, sei que há muitas pessoas que compram muito mais que meus 15 livros, mas para mim é muito, tanto pelo gasto financeiro que representa, tanto pela situação financeira em que o país se encontra. Sou grata de mais por ter a oportunidade de ir ao evento e poder consumir lá dentro. Enfim, vamos falar dos livros e alguns preços!

Uma foto bem tradicional aqui no blog para mostrar a totalidade das novas aquisições.

Não vou falar dos livros em ordem de compras, mas apenas vou comentando um pouco sobre os livros e os preços, espero poder ler alguns o quanto antes, pois são títulos super interessantes. Desta vez comprei nove clássicos, dois teóricos de literatura e mitologia, dois mangás e um YA.

 
Comprei mais um livro do Hemingway, "Verdade Ao amanhecer" considerado um autorretrato revelador e uma crônica dramática de seu último safári na África. Escrito em 1953, quando voltava de uma temporada no Quênia, a obra tece uma história rica em humor e beleza. Ele foi de uma promoção de 3 livros por R$ 50,00. 

Eu me apaixonei pode Camões nesse semestre por conta de Literatura Portuguesa I, meu professor fez uma análise incrível de alguns sonetos e do primeiro canto de Os Lusíadas. Não queria perder a oportunidade de comprá-los. Ambos foram da Ciranda Cultural por R$ 10,00 (Se eu não me engano).

Lya Luft, "O tempo é um rio que corre", foi o segundo livro do combo de 3 por R$ 50,00, estou ansiosa para ler por conta de algumas resenhas que li no Good Reads. Já cordialmente Cruel é um YA Dark Academia, mordi a língua quando disse que não leria mais YA's, esse ganhei da minha irmã, foi menos de R$ 40,00 reais e compramos na Harper Collins. 
Eu amo Kafka e faz muito tempo que não leio ou compro algo do autor, e "O castelo" é um dos livros não lidos ainda. Nele paguei R$ 15,00 reais (entre dez ou quinze reais). Fausto do século XX, O castelo é considerado um dos pontos mais altos da ficção universal. Na história de K., o suposto agrimensor que tenta inutilmente chegar ao castelo que vê no topo de uma colina, o termo kafkiano parece atingir sua extensão completa.

Mais outros dois grandes clássicos da literatura mundial! Drácula da editora pé da letra é a terceira edição aqui em casa, paguei R$ 15,00 reais, estou ansiosa para reler nessa edição. Jane Eyre de capa dura da Ciranda Cultural paguei R$ 25,00 reais e foi um investimento maravilhoso, estou ansiosa para ler nessa edição, além disso, agora tenho as três irmãs Bronte na minha estante.


Carmilla conta a história da primeira vampira mulher da história da literatura, bem como trás personagens lésbicas, sendo uma literatura clássica e do século XVIII, também paguei R$ 10,00. Falência é um clássico brasileiro e bem pouco falado, agora se encontra na lista da UNICAMP, com toda certeza é um livro imperdível, paguei, também R$ 10,00.  


Livros que já me entregam como estudante de letras, ambos são teóricos e tratam-se de análises e comentários sobre algo bem específico. "Conferências sobre retórica & Belas-letras" paguei R$ 15,00. Já "Mitos Clássicos" é o terceiro livro do combo de 3 por R$ 50,00 reais.

 
Guerra dos mundos comprei na Editora Pé da letra também, paguei R$ 15,00 reais, e já tem muito tempo que quero lê-lo, desde que li a "Maquina do tempo", ambos livros são clássicos da ficção científica e influenciaram de mais discussões literárias posteriores, inclusive influencia a cultura pop.



Por fim, não menos importante, comprei dois mangás, SAO comprei de presente para meu namorido, assistimos ao anime juntos e foi incrível! Assistimos também Fire Force, porém não lemos aos mangás, e talvez seja mais uma coleção que farei. Ambos comprei na Panini, F.F foi R$ 29, 90, já SAO foi R$ 34, 90. Enfim, foi um excelente evento, maravilhoso, não vejo de ir no próximo, sempre me divirto e amo conhecer livros novos.


3 de jul. de 2022

Um pouco do meu saudosismo a blogs literários


Nesse momento, o qual escrevo esse post, é umas 20:48 de um sábado de julho, o primeiro sábado do mês. Minha mente está fervilhando ideias de posts para escrever e resenhas que estão na "fila" para serem escritas e devidamente publicadas. Enquanto minha mente ansiosa explode com tudo isso e um pouco mais a serem colocadas no 'papel' digital, penso no outro lado da escrita. Aqui não vou abordar teoria da escrita ficcional ou algo do gênero, mas sim, sobre a arte de escrever em blogs e como isso mudou desde os anos 2008 do meu ponto de vista! (algo um pouco mais saudosista).
 
Apesar desse espaço não exigir o rigor acadêmico, normas da ABNT ou o rigor jornalístico, sempre procuro trazer a melhor escrita que no momento sou capaz de oferecer ao leitor: A clareza dos meus pensamentos, argumentação lógica, a riqueza textual que pode ser exposta e uma série de outros fatores que me esforço a alcançar. Ao longo dos post's de um blog o leitor pode observar a evolução da escrita de um blogger, ver o rigor que ele quer transmitir as informações ou até mesmo propagar falácias. Mas o ponto que quero abordar com você, caro leitor, é outro: Os blogs tiveram um "BUM" no início dos anos 2000 e agora perder espaço para outras mídias sociais mais "divertidas" e que exigem menos do internauta. 

Embora eu seja critica com o que fazemos e consumimos na interface digital, obviamente adoro o espaço dos blogs, ora, muito já se foi feito social e politicamente nesses espaços, variados temas e pessoas se destacaram em seus meios. Estou nesse espaço desde os meus 13 anos, quando fiz meu primeiro blog, no qual entrei em contato com programação pela primeira vez, e não falava de livros ou assuntos nerds, mas treinava minha escrita e escrevia algumas fanfics (das quais não mencionarei). 

Ademais, cresci no meio digital escrevendo, decerto expondo minha opinião, expondo quem eu era ou o que eu achava quem eu era, o que lia ou gostava de escutar, ou seja, sempre fiz esse espaço de refugio. Bem, quando se é criador de conteúdo, também se é consumidor de algum(s) nicho(s), e vi vários blogs incríveis em ascensão, bem como a queda de alguns ou a migração para o youtube. Hoje, noto, e talvez você que ainda me lê, as transformações sociais nos meios digitais e quão afastados dos blogs o grande público está, o quão difícil, também, de achar pessoas que mantêm fielmente sua produção de conteúdos escritos. Nos dias atuais, nos quais as pessoas em geral não têm paciência para verem vídeos de mais de 30 segundos ou ouvirem músicas de cinco minutos, os textos como estes são deixados de lado, afinal por quê alguém vai se interessar pela escrita de uma beletrista desconhecida em um blog pouco visitado?

Esse post, portanto, é sobre um pouco de saudosismo da blogosfera, pois cresci nesse meio e vi sua mudança lenta, porém continua. Como muito do que eu consumia foi sumindo aos poucos e hoje pouquíssimos blogs continuam a produzir conteúdos de qualidade e consistentes, continuo acompanho alguns blogs que estão "vivos", no meu caso certamente blogs literários. Desse modo, bem prolixa, vejo a efemeridade no meio digital, algo que parece eterno, que nunca será apagado, mas em algum momento as palavras escritas nesses espaços não passaram de dados em um servidor velho e empoeirado esquecido pelos homens e pelas máquinas.



22 de jun. de 2022

Book tag| Tag dos 50% As melhores leituras do ano até agora

Esse ano vou responder essa tag em post no blog e ainda farei um vídeo inspirado nela, talvez essa semana. Desde o começo do blog a respondo e vivo colocando minhas impressões aqui. Além disso, ajuda muito a fazer um balanceamento das leituras até o momento.  Essa tag consiste em responder algumas perguntas sobre as leituras feitas até o meio do ano, o que mais gostamos ou não, o que mais nos marcou e afins.

Esse post não é muito complexo são respostas diretas, e não falo muito sobre os livros em si, porém, logo mais estarei postando as resenhas dos livros que não estão lincados aqui! 

Edições passadas: 

Book tag dos 50% 2020
Book tag dos 50% 2019
Book tag dos 50% 2018

Os livros que já têm resenha aqui no blog, já estarão devidamente lincados!


1. O(s) melhor(es) livro(s) que você leu até agora

Como sempre sou prolixa nessa resposta, pois não marco apenas um livro, e sim muitos. Não é muito diferente esse ano, pois afinal tive excelentes leituras e esse ano muito mais do que ano passado (2021)!! 

Hamlet;
Frankenstein;
A morte Anunciada;
A história secreta;
1984;
Jubilo, memória, Noviciado da paixão.

2. A melhor continuação que você leu até agora


Por incrível que pareça não li nenhuma continuação ainda, porém pretendo ler o quarto livro da série do Trono de Vidro até o final do ano. 

3. Algum lançamento do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer muito?

Nenhum, ultimamente estou com mais leituras teóricas e ficção voltada ao curso de letras. 

4. O livro mais aguardado do segundo semestre?


No momento em que escrevo esse post nenhum me vem a mente, novamente, por conta do cansaço e correria da graduação e só tendo energia para o que sou obrigada a estudar.

5. O livro que mais te decepcionou esse ano?


Pisque duas vezes para morrer

É um livro nacional de micro contos de terror, porém não gostei tanto quanto achei que gostaria. Mas certamente você não deve deixá-lo de ler, não é só porque não funcionou para mim que não vai funcionar para você.

6. O livro que mais te surpreendeu esse ano?

 

Eu li em uma leitura conjunta com algumas amigas da faculdade e foi incrível!! Adorei ter lido, fora que foi uma delicia ler em conjunto...O começo desse ano começou melancólico, porém bom em diversos aspectos! 


7. Novo autor favorito (que lançou seu primeiro livro nesse semestre, ou que você conheceu recentemente)


Hilda Hilst sem sombra de dúvida! Amei de mais ter lido Jubilo, memória, Noviciado da paixão, agora quero ter contato com a prosa dessa escritora incrível!

8. A sua quedinha por personagem fictício mais recente?


Gostei de vários personagens, mas nenhum me arrebatou a tal ponto.

9. Seu personagem favorito mais recente?


Baco (Dioniso) de As bacantes; Coraline 

10. Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre?


Nenhum nesse semestre (finalmente)

11. Um livro que te deixou feliz nesse primeiro semestre?


A história secreta, Donna Tartt 

Amei ter lido durante um mês nos trajetos de ida e volta da faculdade, foi meu livro de ônibus.

12. Melhor adaptação cinematográfica de um livro que você assistiu até agora?


Não assisti filmes baseados em livros, pelo que me lembro.

13. Sua resenha favorita desse primeiro semestre (escrita ou em vídeo)?


A ilha do medo (filme) Gostei de ter voltado a escrever sobre filmes aqui no blog!

14. O livro mais bonito que você comprou ou ganhou esse ano?
Vinte mil léguas submarinas, Júlio Verne


15. Quais livros você precisa ou quer muito ler até o final do ano?

Muitos, dentre eles, os mais urgentes:

Amor, verbo intransitivo;
Os noivos do inverno;
As brumas de Avalon - Livro 2: A grande Rainha;
A filha da Floresta;
Asoka Tano.

18 de jun. de 2022

A ilha do medo e a repressão do consciente

 

O que você acha pior? Viver como um monstro ou morrer como um bom homem?

Finalmente retornamos a falar de filmes aqui no Exploradora!! O cinema é parte fundamental e indispensável não somente para o entretenimento, mas também para criticarmos e analisarmos o meio em que vivemos, principalmente a realidade em que construímos e acreditamos. A ilha do medo (2010) dirigido por Martin Scorsese, nos faz questionar a realidade, pequenos sinais de que tudo o que está à volta do protagonista é questionável, inclusive seus próprios pensamentos. 

O filme conta a história do agente federal Edward "Teddy" Daniels (Leonardo DiCaprio), que está investigando uma unidade psiquiátrica em Shutter Island depois que um dos pacientes desaparece. Juntamente com seu parceiro Chuck Aule (Mark Alan Ruffalo) se depara com uma investigação misteriosa e cheia de lacunas, que a primeira vista parece jogar o protagonista em um caminho circular.

Esse não é um mero filme de investigação ao estilo Holmes, mas sim um enredo muito bem escrito e que mexe tremendamente com o psicológico, não só do protagonista, mas sim do espectador. Um filme que prende a atenção do início ao fim, cheio de contemplação e com muito recurso visual que integra a perspectiva de Teddy.


Toda a história é sobre problemas psicológicos que se desenvolveram por conta de traumas, inclusive temos a perspectiva de como a segunda guerra mundial destruiu emocional e psicologicamente o protagonista, e o pós guerra é um momento de reabilitação. O filme também trata assuntos como culpa, dor da morte, raiva, indignação com o holocausto, e a importância de tratamento psicológico logo no início que vemos o quanto não estamos bem, que detectamos comportamentos estranhos ou tristeza excessiva, tudo isso antes que algo mais trágico aconteça. 

É um filme que não entrega o que esta acontecendo logo de cara, portanto, há momentos lúdicos, outros extremamente poéticos, a fotografia está maravilhosa e completa (certamente) com maestria a narrativa. Além disso, os efeitos especiais mais "drásticos" são usados para contrastar a mente do protagonista com a realidade em sua volta, também há tons e cores que nos mostram essa dicotomia de mente e realidade. Amei cada minuto assistido e é perfeito para conhecer a direção do Scorsese! Agora me conte leitor, o que você achou desse filme quando assistiu?  

7 de jun. de 2022

Electra, Eurípedes (clássico grego)

Quando você se torna um estudante de letras entra em contato com diversos tipos de livros e literaturas, agora, quando fazemos uma habilitação em grego antigo entramos em contato com obras que nem imaginaríamos que leríamos. Estou muito feliz por estar entrando em contato mais e mais com a literatura grega, eu digo que é o clássico do clássico, pois muito do que vemos nas obras consagradas ocidentais, e algumas orientais como as russas, encontramos muita referencia às tragédias ou a Ilíada e Odisseia de Homero.

Esse post não se tratar de uma análise da influência das obras gregas que nos restaram, trago uma resenha de Electra de Eurípedes. Uma tragédia tensa do início ao fim, e como toda tragédia exige...precisamos saber de alguns acontecimentos antes de entrar de cara no livro e ficar sem entender muita coisa, uma delas é por que Clitemnestra mata Agammenon?


A obra provavelmente foi composta em meados da década de 410 a.C, também não se sabe ao certo se foi encenada depois da tragédia de Sófocles, Medeia. Mas ela resistiu até os dias de hoje, os quais podemos desfrutar dessa obra tão inestimável. Ademais, para responder a pergunta anterior temos que recorrer a mitologia grega, o que o povo conhecia muito bem e já vinha com esse repertório para assistir as encenações naquela época tão distante. 

Em primeira instância, Electra trata-se de algo como "a vingança da vingança". A esposa de Agamenon, Clitemnestra, se vinga do marido em seu retorno da guerra de Tróia, pois este sacrificou a filha Ifigênia para a deusa Ártemis, pedindo permissão para que as tropas gregas pudessem navegar para a cidade.

Fonte: (Wikipédia) Orestes, Electra e Hermes diante da tumba de Agamemnon, do chamado 'Pintor dos Coéforos'.

Clitemnestra é ajudada por seu amante, Egisto, no assassíno de seu marido. Contudo, Electra, filha de Agamenon, em seu luto irreparável, se revolta contra sua mãe e tais atos, e como toda tragédia grega, ela planeja vingar-se dela a todo custo, e então encontramos "a vingança da vingança". O texto é bem fluido e a trama é bem interessante e envolvente, pois você vai querer descobrir o que haverá com os personagens. Nessa peça também há reecontros, excesso nos desejos, vingança, e 'sequência dominó' dos atos dos personagens. 

A tradução é bem acessível e fluida, as notas de edição e tradução são fundamentais para a compreensão da obra e entendimento de escolha de certas palavras e termos, como a prof. Dr. Teresa V. Ribeiro, responsável pela direção de tradução, fala no prefácio. Houve escolhas que priorizaram a fluidez na narrativa e o que soasse mais natural possível (de acordo com as possibilidades de tradução) para o português.

Adorei ter lido a obra, na verdade estou amando poder mergulhar mais fundo na literatura grega e estou me encantando ainda mais com as tragédias. Eu acredito que seja indispensável na vida de leitores, você entrar em contato com uma tradução mais maleável das tragédias e poder ver como elas mostram pensamentos dominantes ou não muito populares, e como, posteriormente, influenciaram  a literatura subsequente. 

7 de mai. de 2022

As vantagens de ser invisível, Stephen Chbosky

 Tanto tempo que não escrevo uma resenha nesse blog, tanto tempo que não venho para cá para fugir do mundo real e me fez uma grande falta. Às vezes penso que várias crises de ansiedade e depressão teriam sido mais ""leves"" se eu estivesse aqui, um espaço criado a muitos anos justamente para me ajudar a lidar com a vida.

Alias, o livro desse post tem a ver com ansiedade, depressão e confusão para entender a vida...Já havia escrito essa resenha na mesma semana em que tinha terminado (essa foi uma leitura de janeiro de 2022), só fiz uma revisão de texto e acrescentei outros detalhes. Espero que gostem!!! 

Já faz alguns dias que terminei esse livro, não consegui fazer uma resenha ou colocar no papel o que eu queria falar, estava digerindo ainda, reflexiva e extremamente introvertida, talvez até bem mais do que o normal. Esse mês de janeiro foi no geral bem estranho, pesado e desconcertante. Tudo o que não deveria acontecer, aconteceu! Tristeza, contendas, afastamentos e afins. Além disso, 2021 foi um ano pesado, difícil e intragável no que resultou em um começo de ano bem melancólico e desesperançoso para muita gente, inclusive eu. 

Titulo originalThe Perks of Being a Wallflower
Autor: Stephen Chbosky
Número de páginas: 231 páginas
EditoraRocco; 1ª edição (1 julho 2007)

Esse livro tem um pouco disso, um estágio melancólico, com altos picos emocionais do protagonista, e parece, em sua grande maior parte, que Charlie está indiferente ou triste. Alguns acontecimentos deixam um gosto amargo na boca, outros são inteiramente aconchegantes, sendo no geral, um ótimo livro com uma escrita poética, leve e fluida.

Manter-se à margem oferece uma única e passiva perspectiva. Mas, de uma hora para outra, sempre chega o momento de encarar a vida do centro dos holofotes. Mais íntimas do que um diário, as cartas de Charlie são estranhas e únicas, hilárias e devastadoras. Não se sabe onde ele mora. Não se sabe para quem ele escreve. Tudo o que se conhece é o mundo que ele compartilha com o leitor. Estar encurralado entre o desejo de viver sua vida e fugir dela o coloca num novo caminho através de um território inexplorado. Um mundo de primeiros encontros amorosos, dramas familiares e novos amigos. Um mundo de sexo, drogas e rock’n’roll, quando o que todo mundo quer é aquela música certa que provoca o impulso perfeito para se sentir infinito. A luta entre apatia e entusiasmo marca o fim da adolescência de Charlie nesta história divertida e ao mesmo tempo instigante."

Esse livro nos deixa querendo ser tão infinitos com nossos amigos, quanto Charlie foi com os seus. O mundo dos anos 1990 parece tão distante e ao mesmo tempo tão próximo de nós, é interessante ver que os problemas sociais, emocionais e de relacionamento familiar continuam se repetindo ao longo dos anos. Todos os personagens têm alguma questão difícil ou passaram por algum apuro. Já Charlie, em diversos momentos do livro, parece que passou por diversos apuros e apenas isso, bem como sua introspecção pode levar o leitor a acreditar que ele tem bem mais do que depressão. 

Ademais, outro ponto a destacar é a escrita do autor e a sutiliza para descrever situações complexas e difíceis, além de terem uma carga emocional muito grande. É um livro sensível e que merece sua oportunidade para ser lido. Nesse momento digo que não posso falar muito mais nessa resenha, pois darei spoilers até de mais, mas algo que me assombra um pouquinho é como esse livro coincide com momentos melancólicos da vida. 

Boa leitura!!!!  

17 de fev. de 2022

O diário de Anne Frank

 Já se passaram alguns dias desde o último post e até o momento não havia postado nada nesse mês de fevereiro. É 'engraçado', mesmo com toda a organização que tenho, deixo o blog um pouco mais de canto, e olha que é algo imensuravelmente maravilhoso para mim: Escrever resenhas dos livros que mais amo (ou nem tanto as vezes), o importante é estar escrevendo. Como sempre digo, preciso "arrumar" isso em minha vida, ao menos uma postagem por semana! Enfim, sem mais esses alardes de sempre e vamos a resenha.

Arquivo pessoal

Esse é o livro que adiei por muito tempo, quase li no início da pandemia, mas estava tão mal e com tanto medo que tive mais medo ainda de pegá-lo e ficar demasiada emocionada. Fiquei emocionada com a leitura, claro, se trata de uma pessoa real, uma jovem incrível e cheia de sonhos. Ao decorrer da leitura o leitor fica dividido entre se sentir intromissivo na intimidade de Anne, afinal aquele é o diário dela, ao mesmo tempo que sente que é a (o) melhor amiga(o) dela.

Tratei de ler esse livro na mesma semana que saiu a polêmica sobre um podcast famoso e a defesa do "direito de expressão" e da criação de um partido nazista no Brasil, ou seja só absurdos!! No calor do momento ao ler essa notícia, já sai pegando vários livros sobre a segunda guerra que tenho em casa e fui devorá-los. Dois que estão em nossa biblioteca particular que eu não havia lido e um deles era O diário de Anne Frank, o outro terá resenha também aqui no blog!

O diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em inglês pela Doubleday & Company (Estados Unidos) e Vallentine Mitchell (Reino Unido) em 1952, o que o fez receber atenção da critica e dos leitores.  Anne escreveu o diário entre 12 de junho de 1942 e 1.º de agosto de 1944 durante a Segunda Guerra MundialÉ conhecido por narrar momentos vivenciados pelo grupo de judeus confinados em um esconderijo durante a ocupação nazista dos Países Baixos.

Não há como falar desse livro sem me vir um embargo na voz, um aperto na garganta e lágrimas nos olhos...É um dos livros de não ficção mais importante da história! É um livro mais que necessários nas escolas e nas universidades!

As edições que temos em mãos passou por uma edição da própria Anne, que após o pronunciamento do membro do governo holandês, viu que poderia ter a oportunidade de publicar seu diário. Então ela troca os nomes dos outros membros que compartilhavam o complexo (ao todo eram oito pessoas contando com a família dela), bem como ela acrescenta mais algumas notas e detalha mais a vida e rotina no anexo, o qual foi seu esconderijo por dois longos anos. 

Bom, vamos do princípio, os relatos do diário começam quando ela tem 13 anos, 14 de julho de 1942, são relatos sobre sua vida na escola, amigos e admirados e vemos, como plano de fundo, os nazistas e a segregação judaica. Após alguns dias, ela e sua família precisam se esconder, com isso os relatos são sobre sua fuga e, posteriormente, sobre sua vida no anexo. Algo que dilacerou minha alma, é como parte dela tinha esperança no fim da guerra, o quanto ela tinha planos de se tornar jornalista e escritora, como eram seus estudos e leituras mesmo escondida. Somos embalados por Anna e suas confeições, sua vida, angustia e sua personalidade. Com toda certeza ela seria minha melhor amiga, foi assim como me sentir durante toda a leitura! É um livro forte, um livro que te destruirá, é um livro que é necessário para a história da humanidade!

Para mais informações sobre O diário e alguns fatos sobre a família pela BBC News Clique aqui !




31 de jan. de 2022

TODAS as leituras de Janeiro 2022

Já faz um tempo que não trago esse tipo de postagem, um resumo literário do meu mês, e vou contar que o saldo foi bem mais interessante e mais variado do que eu esperava, levando em conta que fiquei doente. Não quis preocupar meus amigos e alguns parentes, sendo assim não mencionei muito como eu estava, mas confesso que foi terrível, até fiquei de cama. Enfim, não vamos começar esse post com notícia ruim, eu estou bem melhor agora, só preciso voltar a minha rotina e arrumar meu sono (Estou dormindo muito tarde e isso me faz um mal danado).


Voltando a falar das leituras, considero, novamente, que comecei muito bem o ano, consegui ler no total de 7 leituras, quase 8 se eu tivesse terminado os contos de H.PLovecraft, mas infelizmente não consegui. Ano passado no mesmo mês havia lido 7 livros também, fiquei feliz ao comparar as leituras e ver que não mudei minha marque, consegui manter e ver que os gêneros não estavam tão discrepantes do que estou acostumada. Caso você queira ler também sobre minhas leituras de Janeiro de 2021, é só clicar aqui!

✔Caso tenha resenha disponível no blog, vai estar lincado!

A missa do galo, Machado de Assis - 8 páginas
Memórias de um sargento de milícias, Manuel antonio de Almeida - 257 páginas
Pauliceia desvairada. Mario de Andrade - 92 páginas
As vantagens de ser invisível, Stephen Chbosky - 288 páginas
O amanhã não está a venda - 28 páginas 
Crônica de uma morte anunciada - 57 páginas

Sobre as leituras, eu fiquei feliz de ter alternado os gêneros, estou tendo com o costume de ler mais poema, principalmente por causa da graduação. Só notei que precisava ter contato com poemas, quando percebi que conhecia muito pouco a respeito e não havia muitos livros lidos do gênero. Desde então, comecei a adquirir mais livros, e atualmente poemas são tema dos meus estudos na faculdade de letras, não há escapatória para mim.

Enfim, para um começo de ano altamente reflexivo, um tanto solitário, apesar de estar cercada de pessoas, esse dois anos de isolamento tem sido bem difíceis de serem engolidos a seco, tanta coisa aconteceu, e sinto que me fragmentei ainda mais. O que mais tem me ajudado é focar na literatura e deixá-la me salvar. Ah, essa semana iriei disponibilizar algumas resenhas dos livros lidos em janeiro, fique atento ao canal!

14 de jan. de 2022

Frankenstein ou o prometeu moderno, Mary Shelley (2° leitura)

 Não pensei que releria Frankenstein tão cedo. Alias eu li esse livro porque estou em um clube de leitura, o qual lemos todos os livros mencionados na série Gilmore Girls com duas amigas da USP. A primeira vez que li foi em 2019, quando  eu estava na primeira faculdade (eu desisti dessa graduação, lembra?), e me fez mergulhar profundamente na história, algo que não foi diferente dessa vez. Caso você queira ler a resenha de 2019 é só clicar aqui!


É narrada a história de Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais empenhado em descobrir o mistério da criação e que acaba por construir um ser humano - ou seria um monstro?- em seu laboratório. Livro é epistolar; a introdução é feita por cartas de um personagem fora da história de Victor. Um viajante/aventureiro que está indo para o ártico (naquela época, século XIX, era comum haver expedições para essa região, pois permeava tanto o imaginativo quanto despertava a curiosidade). Em um dado momento no início do livro esse personagem, R. Walton, se encontra com Victor, e então conhecemos a história dele. Partimos de flashs da infância do protagonista, seu ingresso na universidade até a criação da criatura, que é tão desprezada que não tem nome, até o momento de sua caçada, que seria o encontro de Victor e de Robert Walton.
[...] “Um ser humano perfeito deve sempre preservar uma mente calma e pacífica e jamais permitir que a paixão ou um desejo transitório pertube sua tranquilidade. p.81-82

Como na minha primeira leitura, continuo vendo que é um livro que fala muito sobre as aparências, o que é aceitável perante a sociedade ou não, tratando-se da natureza humana tanto sua capacidade de fazer coisas boas, quanto ruins. Outrossim, algo que ficou bem mais evidente é a sobre a influência da sociedade, uma criatura nasce neutra, não necessariamente ruim ou necessariamente boa, contudo a sociedade que vai corrompe-la, vê-se que tem uma linha filosófica dominada por Rousseau. 

Outro tema, que já tinha observado na primeira leitura, é o trato da solidão. A solidão é uma temática recorrente, além de ser retratada em diversos personagens. Primeiro em Robert Walton, que carece de um amigo, depois no próprio Victor Frankenstein, e chegamos no ápice com a criatura. Diversas vezes a criatura, quando vai narrar, destaca o quão só ela está, o quanto ela não faz parte do mundo humano. Nesse sentindo, ao observar a complexidade da criatura, o leitor se depara com diversos outros subtemas, como a não aceitação, importância da aparência física, status sociais, a situação de pessoas de rua e quão invisíveis elas são (esse paralelo pode ser feito quando a Criatura encontra-se morando na floresta e próximo à outros chalés também). Algumas passagens e diálogos me lembraram um pouco do estoicismo, escola filosófica grega que prega o equilíbrio entre nossos desejos, e formas como vemos o mundo. Tal equilíbrio polpa o ser humano de sofrimentos e dores, o controle dos desejos descontrolados resulta em uma vida satisfatória, algo que permeia o livro todo.  Sêneca e Epiteto, grandes nomes que representam essa filosofia – enfatizaram que, porque "a virtude é suficiente para a felicidade", um sábio era imune ao infortúnio. 
[...] “Você acha, Victor -disse ele- que também não sofro? Nínguem poderia amar uma criança mais do que eu amava seu irmão. -As lágrimas vieram aos seus olhos enquanto ele falava.-Mas é um dever dos sobreviventes evitar que não apenas a infelicidade dos demais aumente com uma aparencia de tristeza imoderada, mas também a de nós mesmos. A tristeza excessiva impede nosso crescimento, o prazer e até mesmo as funções diárias, sem as quais nenhuma pessoa é adequada para a sociedade. p.132
Os personagens são memoráveis, seja negativa ou positivamente, portanto, como o protagonista, Victor, que tem uma personalidade egoísta, mesquinha e mimada. Em sua narrativa, que remete ao romance de formação, destaca o quanto foi bajulado quando criança e o quanto a vida de seus pais dependia da felicidade dele; Destacando-se como um "personagem negativo", em contraste com sua futura esposa, a qual é lembrada pela doçura, justiça e fé na humanidade. Enfim, um livro que traz diversas questões consigo, não somente "criador X criatura", ou "certo X errado", pois há momentos que não são tão certos ou tão errados, mas há suas consequências. 



  

Leia esse post!

Razão e sensibilidade, Jane Austen

Esse é o segundo livro da maratona literária de inverno 2020 que termino, e como o escolhi para o desafio certo! "Um livro suspeito  de...