Quem é você, Alasca?, John Green
É um livro para adolescentes e com toda certeza conversa mais com os jovens do que comigo, mas tive a curiosidade para conhecer o autor e uma de suas obras populares sendo um best-seller no Brasil e no mundo, além de ser vencedor de alguns prêmios literários estadunidenses.
Vamos entrar na vida e na mente de Miles Halter, um garoto que tem fascinação pelas últimas palavras grandes pessoas, como escritores, poetas, presidentes etc. Por se sentir entediado vivendo com os pais, ele ingressa em uma escola (uma espécie de internato), esperando encontrar novas emoções e experiências.
Não achei a história tudo isso, e sinceramente a leitura foi mais um peso por estar sendo enfadonha, eu queria terminar o quanto antes e não porque eu estava devorando e imersa na história, mas sim porque não estava me prendendo. Houve diversos momentos que eu não aguentava mais estar com esse livro, por conta disso demorei uma semana para terminar.
Os personagens são rasos, também nenhum me chamou muito a atenção, no entanto a Alasca é a personagem que mais me cativou, deu a sensação de que o autor deu um carinho e atenção maior. Em contra ponto o posicionamento da Alasca como feminista e todas as frases de efeito dela parecia extremamente artificiais e mais como algo moralizante que o livro queria passar e não como característica da personagem, não me soou com algo fluído e natural dela, mas algo extremamente artificial.
Alasca, além do mais, é uma personagem pela qual o leitor vai se interessar, ela é inteligente e muito peculiar. O narrador é em primeira pessoa, temos a visão do Miles sobre ela, e muitas vezes é extremamente idealizada. Há momentos que ele não está interessado na real Alasca e sim em suas conjecturas, e isso é trazido pelo autor, quando a própria Alasca fala para Miles que ele só está interessado na parte dela que fuma, bebe e é divertida e alto astral. Não na verdadeira Alasca, quebrada emocional e psicologicamente, bem como suas outras facetas como ser humano.
Já Miles é um personagem totalmente intragável para mim, ele é extremamente egoísta e acha que todos têm de estar sempre prontos e dispostos para ele. Outra coisa que achei estranho é o quanto Alasca é sexualizada pela visão dele (a menina nem chegou aos dezoito anos ainda), várias passagens são de revirar os olhos, mas talvez seja a dinâmica que o autor queria passar para esse personagem. Tendo em vista que são suas primeiras experiências da vida adolescente (por volta dos 15/16 anos), algumas coisas se "justificam" como o egoísmo excessivo. O resto são personagens bem opacos, e alguns até sem relevância e bem esquecíveis, infelizmente não fazem diferença na trama.
Ademais, a história é bem típica, e nada muito diferente de histórias adolescente que envolve novas escolas, amigos, cigarros, bebidas e afins… Apesar de achar muita coisa esperável e bem clichê, sei que esse livro tem relevância para os jovens, mas isso não impede de ter um olhar mais crítico sobre a obra. Há vários momentos que precisavam de profundidade e não tem, assim como mais descrições e menos infantilidade na narrativa, além de pedantes (no sentido de força algumas coisas no enredo).
Não gostei da história, porém, achei a escrita do John Green bem fluida e direta com alguns pontos altos ao longo do livro. O autor se comunica muito bem com seu público, e talvez se eu tivesse lido com uns 13 anos teria gostado, além disso tem algumas reflexões sobre vida, morte, suicídio e lidando com o luto. No entanto, no momento atual que estou como leitora, achei a história super clichê, previsível e cheio de personagens e momentos "sem sal". Lembre-se, querido leitor, essa é minha opinião, não deixe de ler um livro só porque eu não gostei, sinta-se a vontade para ter suas experiências literárias.
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