Electra, Eurípedes (clássico grego)

Quando você se torna um estudante de letras entra em contato com diversos tipos de livros e literaturas, agora, quando fazemos uma habilitação em grego antigo entramos em contato com obras que nem imaginaríamos que leríamos. Estou muito feliz por estar entrando em contato mais e mais com a literatura grega, eu digo que é o clássico do clássico, pois muito do que vemos nas obras consagradas ocidentais, e algumas orientais como as russas, encontramos muita referencia às tragédias ou a Ilíada e Odisseia de Homero.

Esse post não se tratar de uma análise da influência das obras gregas que nos restaram, trago uma resenha de Electra de Eurípedes. Uma tragédia tensa do início ao fim, e como toda tragédia exige...precisamos saber de alguns acontecimentos antes de entrar de cara no livro e ficar sem entender muita coisa, uma delas é por que Clitemnestra mata Agammenon?


A obra provavelmente foi composta em meados da década de 410 a.C, também não se sabe ao certo se foi encenada depois da tragédia de Sófocles, Medeia. Mas ela resistiu até os dias de hoje, os quais podemos desfrutar dessa obra tão inestimável. Ademais, para responder a pergunta anterior temos que recorrer a mitologia grega, o que o povo conhecia muito bem e já vinha com esse repertório para assistir as encenações naquela época tão distante. 

Em primeira instância, Electra trata-se de algo como "a vingança da vingança". A esposa de Agamenon, Clitemnestra, se vinga do marido em seu retorno da guerra de Tróia, pois este sacrificou a filha Ifigênia para a deusa Ártemis, pedindo permissão para que as tropas gregas pudessem navegar para a cidade.

Fonte: (Wikipédia) Orestes, Electra e Hermes diante da tumba de Agamemnon, do chamado 'Pintor dos Coéforos'.

Clitemnestra é ajudada por seu amante, Egisto, no assassíno de seu marido. Contudo, Electra, filha de Agamenon, em seu luto irreparável, se revolta contra sua mãe e tais atos, e como toda tragédia grega, ela planeja vingar-se dela a todo custo, e então encontramos "a vingança da vingança". O texto é bem fluido e a trama é bem interessante e envolvente, pois você vai querer descobrir o que haverá com os personagens. Nessa peça também há reecontros, excesso nos desejos, vingança, e 'sequência dominó' dos atos dos personagens. 

A tradução é bem acessível e fluida, as notas de edição e tradução são fundamentais para a compreensão da obra e entendimento de escolha de certas palavras e termos, como a prof. Dr. Teresa V. Ribeiro, responsável pela direção de tradução, fala no prefácio. Houve escolhas que priorizaram a fluidez na narrativa e o que soasse mais natural possível (de acordo com as possibilidades de tradução) para o português.

Adorei ter lido a obra, na verdade estou amando poder mergulhar mais fundo na literatura grega e estou me encantando ainda mais com as tragédias. Eu acredito que seja indispensável na vida de leitores, você entrar em contato com uma tradução mais maleável das tragédias e poder ver como elas mostram pensamentos dominantes ou não muito populares, e como, posteriormente, influenciaram  a literatura subsequente. 

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