7 de mar. de 2025

Futuro ancestral, Ailton Krenak

Nos últimos anos tenho procurado mais literatura decolonial, claro que ainda estou longe de onde eu queria estar conhecendo e consumindo mais esse tipo de literatura, porém acho que Krenak é um ponto de partida. É um livro pequeno de 122 páginas publicado pela Companhia das Letras, e minha aquisição foi através da parceria com a Livraria Unesp. Esse não é o primeiro livro do autor que leio, mas é o primeiro que trago aqui no blog! 

Uma foto minha um tanto antiga, 2023

Ailton Krenak é um líder indígenaambientalistafilósofopoetaescritor brasileiro da etnia indígena krenaque e Imortal da Academia Brasileira de Letras. Ailton é também professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e é considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional. Só pelo histórico do autor ler ele é muita mais que imprescindível, ainda mais nos momentos sombrios que nos encontramos no campo político, social e intelectual. 




A ideia de futuro por vezes nos assombra com cenários apocalípticos, podemos ver isso na prórpia ficção científica, por exemplo, com as distopias. Por outras, ela se apresenta como possibilidade de redenção, como se todos os problemas do presente pudessem ser magicamente resolvidos, "o amanhã vai ser melhor". 

Em ambos os casos, as ilusões nos afastam do que está ao nosso redor, no momento presente, como o próprio livro nos aponta. Nesta nova coleção de textos, produzidos entre 2020 e 2021, Ailton Krenak nos provoca com a radicalidade de seu pensamento insurgente, que demove o senso comum e invoca o maravilhamento. Diz ele: “Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui.”

O livro trás um conjunto de ensaios o qual demonstra que meio ambiente, política ancestralidade e revoluções estão juntos. Além disso estão, atualmente, tão intrinsicamente aliados que política não se faz mais sem pensar o meio ambiente, ou deveria ser assim. O quanto o capitalismo está matando não somente a memória de vários povos indígenas, sua cultura, crenças e modo de vida, mas poluindo e ultrapassando espaços naturais, destruindo vida selvagens que são protegidas pelos povos originários. O sagrado é a terra, a fauna e a flora, e o homem vem apenas consumindo desenfreadamente visando o lucro bilionário de suas empresas...

Como podemos aprender com a própria natureza? Rios, lagos, fauna e flora possuem suas sabedorias, e todo o ecossistema tem uma forma sustentável de existir e de ser...O planeta se renova, se reinventa, tudo o que há nele é mais antigo do que a própria humanidade, como podemos observar e tirar lições de uma das maiores ancestralidades que temos?
"Para começar, o futuro não existe - nós o imaginamos. Dizer que alguma coisa vai acontecer no futuro não exige nada de nós, pois ele é uma ilusão. Então, pode-se depositar tudo ali, como em um jogo de dados. Infelizmente, desde a modernidade, fomos provocados a nos inserir no mundo de maneira competitiva." - pág 97

Pensar soluções ambientais, é pensar que a forma de consumo atual deve acabar, que a forma de se viver precisa se modificar completamente, o mundo precisa se transformar! O brasil precisa deixar de vender matéria prima como se fosse uma colônia 2.0 e investir em se renovar e transformar completamente, para isso o sistema socioeconômico deve mudar. 

Portanto, é um livro que nos faz pensar e repensar, uma leitura válida e ótima para nos fazer meditar no momento presente, pensar no futuro de forma a não depositar esperanças vãs ou medos irracionais, mas ficar desperto no presente para lutarmos pelo futuro que queremos de forma sóbria. Acredito que é um pé na "fé" de que as coisas podem ficar bem, com o outro pé na realidade. Que a luta de classes e busca por igualdade social e liberdade possam ser guias e ferramentas para esse futuro tão sombrio como a maioria de nós o vemos. 

5 de mar. de 2025

Resumo de Fevereiro | Parece melancolia, mas é só poesia

Hoje estou muito nostálgica! Enquanto faço umas configurações no blog, e faço alguns rascunhos de postagens ouço Nerdcast. Isso me lembrou de muitos anos atrás, na qual uma jovem versão de mim estava cuidando desse mesmo blog e sonhava com mil coisas ao mesmo tempo em que não pensava que não conseguiria vivenciar tanta coisa como vivo atualmente em minha vida adulta.

O tempo passa, de alguma forma curamos algumas feridas, nos ajuda esquecer e distanciar de diversas situações que achávamos intransponíveis! Acredito que eu tenha me "curado" de muita coisa, que eu tenha me transformado, me olhado com muito mais carinho, e isso tem feito meu coração se tranquilizar ainda mais. Sabe algo que notei? Talvez esse blog realmente me acompanhei por toda minha vida, me imagino facilmente escrevendo e preparando post durante os muitos e muitos anos que eu tiver a frente.

3 de mar. de 2025

Livros de Fevereiro [Parceria livraria UNESP]

Nesse post trago os livros recebidos com a parceria da Livraria Unesp, localizada no número 108, Praça da Sé, Centro, São Paulo. Como sempre digo por aqui, é sempre com muita alegria e empolgação que trago os livros dessa parceria, poder escolher os títulos é extremamente importante para mim, aliás os livros escolhidos dessa vez são muito especiais (todo mês falo isso, eu sei).  Lembrando que temos cupom de desconto de 15% com: jessica15. Aproveitem para adquirirem seus exemplares com desconto!

Desde 2023 a Livraria Unesp tem transformado minha vida literária! Sou grata a todos por essa oportunidade e por confiarem no meu trabalho! Nesse mês escolhi mais outros dois grande clássicos da literatura mundial e um da literatura japonesa contemporâneo, e muito provavelmente você leitor, já leu este livro. 


As intermitências da Morte

Depois de séculos sendo odiada pela humanidade, a morte resolve pendurar o chapéu e abandonar o ofício. O acontecimento incomum, que a princípio parece uma benção, logo expõe as intrincadas relações entre Igreja, Estado e a vida cotidiana.

Apesar da fatalidade, a morte também tem seus caprichos. E foi nela que o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel da Literatura buscou o material para seu novo romance, As intermitências da morte . Cansada de ser detestada pela humanidade, a ossuda resolve suspender suas atividades. De repente, num certo país fabuloso, as pessoas simplesmente param de morrer. E o que no início provoca um verdadeiro clamor patriótico logo se revela um grave problema.

Idosos e doentes agonizam em seus leitos sem poder "passar desta para melhor". Os empresários do serviço funerário se veem "brutalmente desprovidos da sua matéria-prima". Hospitais e asilos geriátricos enfrentam uma superlotação crônica, que não para de aumentar. O negócio das companhias de seguros entra em crise. O primeiro-ministro não sabe o que fazer, enquanto o cardeal se desconsola, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja".


Primeiro amor

Em um passeio por sua casa de veraneio nos arredores de Moscou, o garoto Vladímir Petróvitch, filho único de uma família tradicional, vê uma moça exuberante brincando nos fundos da propriedade. Trata-se de Zinaida, filha de sua vizinha, por quem se apaixonará de forma avassaladora. À medida que eles se aproximam, fica claro quem está no controle da situação. Disposto a tudo para ser correspondido, Vladímir terá de aprender rapidamente o intrincado jogo da sedução, em que as regras são tão aleatórias quanto obscuras. Admirado por Henry James e Gustave Flaubert, Ivan Turguêniev foi o primeiro autor russo a ser traduzido para a Europa, reconhecido, ainda em vida, como um dos grandes escritores de sua época.


Antes que o café esfrie

Se fosse possível viajar no tempo, quem você gostaria de encontrar? Embora seja um livro ambientado no Japão, o autor explora temas universais – amor, perda, recordações, amizade, gratidão, arrependimento e redenção.

Em uma ruazinha estreita e silenciosa de Tóquio, num subsolo, existe um estabelecimento que, há mais de 100 anos, serve um café cuidadosamente preparado. Além disso, uma estranha lenda urbana conta que os clientes podem viver ali uma experiência única: fazer uma viagem no tempo. Em Antes que o Café Esfrie, conheceremos quatro pessoas que precisam viver essa experiência, porém... A jornada envolve riscos e possui regras, por sinal extremamente irritantes: no passado, você só poderá encontrar pessoas que já estiveram no café; os clientes têm que se sentar numa cadeira específica e não é possível se levantar durante a viagem; nada que for feito ou dito mudará o presente; é preciso voltar antes que o café esfrie... Um livro para ser lido e relido.


Enfim, esses foram os livros que escolhe no mês de fevereiro, sendo que Antes que o café esfrie está na minha meta literária de 12 livros para 2025. Confesso que estou com grandes expectativas para essas leituras, e aposto que não irei me decepcionar, ultimamente tenho amado a literatura japonesa e me surpreendido com o modernismo japonês e contemporâneos. 

Leia esse post!

Razão e sensibilidade, Jane Austen

Esse é o segundo livro da maratona literária de inverno 2020 que termino, e como o escolhi para o desafio certo! "Um livro suspeito  de...