30 de jan. de 2025

Livros de janeiro [Parceria Livraria UNESP]

Nesse post trago os livros recebidos com a parceria da Livraria Unesp, localizada no número 108, Praça da Sé, Centro, São Paulo. É sempre com muita alegria e empolgação que trago os livros dessa parceria, poder escolher os títulos é extremamente importante para mim, aliás os livros escolhidos dessa vez são muito especiais (todo mês falo isso, eu sei), um deles está no meu desafio literário de 30 livros antes dos 30 anos. Até o momento a parceria com a Livraria Unesp só tem me proporcionado leituras incríveis, e transformado minha vida literária!

Todos os meses escolho cuidadosamente cada livro, folheio, leio a sinopse, penso, leio algum comentário sobre, analiso as editoras favoritas, penso no momento em que estou vivendo, o que mais estou buscando na vida e no universo, ou alguma discussão que estou tendo na faculdade...E por fim, pego finalmente os livros e anseio pelas leituras, algumas consigo ler o quanto antes, outras ainda sinto que preciso me preparar para fazê-las. 




Incidente em Antares, Erico Verissimo

Em dezembro de 1963, uma sexta-feira 13, a matriarca Quitéria Campolargo arregala os olhos em sua tumba, imaginando estar frente a frente com o Criador. Mas logo descobre que está do lado de fora do cemitério da cidade de Antares, junto com outros seis cadáveres, mortos-vivos como ela, todos insepultos.


Uma greve geral na cidade, à qual até os coveiros aderiram, impede o enterro dos mortos. Que fazer? Os distintos defuntos, já em putrefação, resolvem reivindicar o direito de serem enterrados - do contrário, ameaçam assombrar a cidade. Seguem pelas ruas e casas, descobrindo vilanias e denunciando mazelas. O mau cheiro exalado por seus corpos espelha a podridão moral que ronda a cidade.


Em 
Incidente em Antares
 , Erico Verissimo faz uma sátira política contundente e hilariante que, mesmo lançada em 1971, em plena ditadura militar, não teve receio de abordar temas como tortura, corrupção e mandonismo.



Morangos mofados, Caio Fernando Abreu

Em sua obra mais célebre, publicada em 1982, quando tinha trinta e quatro anos, Caio Fernando Abreu faz transbordar de cada página a angústia, o desassossego e o estilo confessional que o consolidaram como uma das vozes mais combativas e radicais de sua época. A prosa visceral dos dezoito contos de Morangos mofados ― potencializada pela hesitação coletiva de um país que vislumbrava a redemocratização ante a falência incipiente do regime militar ― traduziu as inconstâncias humanas mais profundas e continua, ainda hoje, arrebatando leitores de todas as gerações. Para José Castello, que assina o posfácio desta edição, embora seja um livro de narrativas curtas, “a obra mantém uma férrea unidade, em torno da coragem de se despir, da fidelidade aos sentimentos mais íntimos e mesmo os mais terríveis, e ainda à dificuldade de ser”.


As planícies, Gerald Murnane

Neste clássico moderno da literatura australiana, publicado pela primeira vez em 1982 e até agora inédito no Brasil, Gerald Murnane apresenta uma meditação sobre território, memória, amor e cultura, a partir da busca existencial de um jovem cineasta nas planícies do interior da Austrália.


27 de jan. de 2025

Noites brancas, Fiódor Dostoiévski

Essa resenha está sendo escrita graças à livraria UNESP, parceira do Exploradora de páginas desde 2023! E hoje trago uma obra incrível! Esse foi meu primeiro livro lido do Dostô e já me apaixonei. Atualmente já deslanchei a ler outros tantos, os quais ainda não possuem resenha disponíveis, pretendo fazê-las futuramente. 

Antes de fazer esse post ouvi o podcast do G1 sobre a diminuição de leitores no Brasil, isso me preocupa muito, as pessoas estão cada vez mais fáceis de manobrar como massa, e não se dão conta. Quando ouço noticias como essa, só consigo pensar que estamos mais próximos da distopia de fahrenheit 451, escrita por Ray Bradbury, uma população viciada em tecnologia e distante do livros. 

Isso me absurda! Pois, pego um livro como Noites Brancas e sinto meu espírito sendo preenchido, e acho tão difícil compreender como as pessoas estão tão avessas a literatura, mesmo levando em conta todo o contexto social e econômico. A leitura me satisfaz, se eu não estiver lendo não me sinto viva! E para você, caro leitor (a), como a literatura se enquadra na sua vida? Enfim, vamos ao post...


Dostoiévski escreveu Noites Brancas em 1848, em São Petersburgo, aos vinte anos de idade. A novela foi publicada no mesmo ano na revista mensal Otietchéstvenii Zapíski [Anais da pátria]. Em uma São Petersburgo do século XIX. Um jovem homem solitário vaga pela cidade noite adentro, deixando que o sentimento de cada rua, esquina ou calçada o penetre. Durante a caminhada, avista uma mulher aos prantos encostada no parapeito de um canal. Ao acudi-la, tem início um diálogo fadado a se dissipar como a tênue claridade das noites de verão na Rússia.

Quanto mais o anônimo narrador se aproxima da jovem Nástienka, mais parece se distanciar de sua melancólica vida anterior. Em quatro encontros, no entanto, a crescente intimidade dos dois personagens chega a um inesperado desfecho, quando a última noite por fim termina. Aliás, essas noites brancas são um evento meteorológico, o qual as noites são quase um eterno crepúsculo (entardecer), são clarinhas. 

A novela de 1848, tida como uma das obras-primas de Dostoiévski no gênero breve, é acompanhada neste volume da Pengui Companhia pelo conto "Polzunkov", escrito no mesmo ano, que mostra uma faceta mais caricata de um dos maiores autores da literatura russa. A tradução direta do russo, apresentação e notas ficou ao encargo de Rubens Figeiredo. 
"Era uma noite maravilhosa, caro leitor, uma noite como só pode existir, talvez, quando somos jovens. O céu estava tão estrelado, tão luminoso, que, depois de olhar para ele, era impossível não perguntarmos a nós mesmos se debaixo de um céu assim, podiam viver pessoas mal-humoradas e caprichosas."

Nosso narrador personagem é extremamente emotivo, é observador, melancólico, e como ele próprio se chama, um sonhador. Isto é, mergulha em si mesmo e na paisagem a sua volta, imagina histórias dos transeuntes e tudo o que vê ao seu redor. Particularmente, vejo ele muito como um romântico inveterado (ele é quase um retrato de um personagem da fase ultra-romântico do Romantismo). 

É um texto muito poético e fluido! Os personagens são bem típicos do romantismo, inclusive a forma da narrativa, construção dos cenários, a importância da natureza para o enredo e como tudo isso dialoga para o desenvolvimento dos personagens e da história. É um livro que me acompanhou durante três dias, simplesmente não queria larga de tão gostosa que estava a narrativa. Foi meu primeiro livro lido do autor, e como havia dito anteriormente, me apaixonei pela sua escrita, e desde então tenho lido muito sua produção literária. No ano de 2024 li Gente pobre, A dócil e O sonho de um homem ridículo, já nesse ano de 2025 estou com planos de ler outros livros do autor, aproveitar que ganhei de amigos! 

Abaixo, vou deixar a resenha que postei no ano de 2023 sobre a leitura de Noites Brancas. No vídeo falo um pouco mais do autor e sua biografia, e uma introdução à Noite Brancas. 





22 de jan. de 2025

Ela e o seu gato, Makoto Shinkai e Tsubasa Yamaguchi

Outra leitura de mangá em Janeiro! O mangaká por trás dessa obra é Makoto Shinkai, um dos meus favoritos, estava com expectativas elevadíssimas! Estava esperando o extraordinário e recebi o ordinário. Estou tão acostumada com as histórias mais grandiosas dele, que fiquei um pouquinho decepcionada com essa. Bom, vou me explicar!               

“Era um dia de chuva,no começo da primavera. Eu fui acolhido por ela.” Um gato e uma garota que mora sozinha se conhecem na primavera... ao viver sozinha, ela aprende a alegria e a solidão de ser independente, enquanto o gato, que recebeu o nome de Chobi, descobre a existência do mundo através dessa garota. Teremos todo o ponto de vista do gato, nunca acompanhamos a garota ou sabemos o que realmente se passa com ela, temos apenas fragmentos da vida dela, coisas que o gato vê ou se interessa. 


A história é bem fluida, fofa e cativante, é bem ordinária no sentido de ser apenas o cotidiano, não é um mangá sobre salvar o mundo, ou o seu amor, ou viagens entre dimensões... É um gato que ama sua dona e o cotidiano dele. Talvez o extraordinário esteja no dia a dia, no cotidiano de uma gatinho e sua dona que tenta o máximo cuidar dele. Fui tão na fissura de algo extraordinário e de uma história nos moldes de Suzume ou Your name, por exemplo, que acabei estranhando. O extraordinário está  na vida simples, porém cheia de detalhes e observações, de um gato e sua dona, dos sentimentos dela e como ele não compreende tudo o que vê, o amor que ele sente por ela, e como são realmente amigos. A ilustração ficou por conta da artista Tsubassa Yamaguchi, que trás traços mais característicos, mais modernos e às vezes um pouco mais "grossos" e despojados, combinando com os momentos de altos e baixos emocionais da jovem. Um mangá rápido, fluido, interessante e ótimo companheiro para passar o tempo.







20 de jan. de 2025

Lições de poética, de Paul Valéry [12 livros para 2025: 01/12]

Até o momento esse foi um dos livros mais "complexos" de ter lido, e olha que sou estudante de Letras e acostumada com muito texto teórico e jargão acadêmico. Não foi essa a questão! Acredito que por ter sido bem após as festa de fim de ano, e ter tido um semestre conturbado, acabei ficando um pouco mais cansada com livros teóricos, mas ao longo dessa jornada fui redescobrindo o encanto de ler livros não-ficcionais. 

O que mais achei interessante é, que com a leitura fui percebendo que o autor falava de uma época distante da minha, e até a forma como tudo estava sendo composto em sua linha de raciocínio me remetia ao século passado (comecei a leitura sem pesquisar sobre o autor). Então, acredito que comecei bem o desafio de 12 livros para esse ano de 2025


Esse livro também é mega especial, ganhei de uma grande amiga minha, a Ingrid, a qual também me presenteou com Aqueles que queimam livros, de George Steiner. Então foram duas leituras, uma quase seguida da outra, que falam sobre literatura e toda sua importância. Apesar de serem de épocas bem distintas, acabam se conversando e entrecruzando alguns temas e observações. 

Lições de poética, é divido em três partes, são três aulas do autor dada na universidade francesa. É extremamente interessante e um exercito intelectual válido, no entanto, é uma leitura um pouco cansativa dependendo do momento que o leitor se encontrar e alguns pontos são realmente arrastadas. Acredito que por serem aulas, presencialmente deveria ter sido muito mais fluido do que a leitura em si, pois no próprio texto já vemos uma certa empolgação do autor com o tema. 

Para quem não conhece, assim como eu não conhecia, o professor Paul Valériy foi poeta, ensaísta, prosador e crítico de arte, nasceu em Sète, França, em 1871. Publicou seu primeiro livro aos 36 anos, em 1907. Foi eleito para a Academia Francesa em 1925, e foi nomeado professor do Collège de France em 1937. Foi o poeta oficial da França no período do entreguerras. A tradução da presente obra ficou ao encargo de Pedro Sette-Câmara. 


Valéry nos propõe considerar a literatura e a arte de modo geral, não como obras acabadas e encerradas em si, mas primeiro como atos do intelecto que a compõem, e, segundo, como atos do intelecto que a recebe. Parece muito denso, mas ao longo da leitura tudo isso é exemplificado e bem explicado. O texto é complexo, mas não difícil de entender! Vê-se os pensamentos que eram predominantes no século XIX e início do século XX, os quais ainda são ferramentas criticas e não estão tão distante assim da academia atual, as formas de análise e aprofundamento na literatura e da arte em si. A proposta do professor é poder se aprofundar na literatura de forma critica, mas a ideia é trazer provocação para estimular o pensamento analítico de seus alunos.

Em suma, temos reflexões tão válidas para aqueles dias, quanto para os nossos dias sobre a arte, criatividade, pensamento, ensino, o quanto a literatura nos impacta, o que ele que chama de "obra do intelecto". Nessa obra ele faz uso de analogias com a economia, natureza, fala sobre a capacidade do ensino como instrumentalização do intelecto, quase como "refinar" a capacidade intelectual. Além disso, ele faz uma exortação para ordenar os pensamentos, percepções e reflexões,  não permitir que a inteligência não seja livre e fluida, ou seja, que não fique presa, e não se tornar uma pessoa insensível a arte e a vida por conta das novidades do século. Achei as observações válidas, profundas e bem interessantes, ao ler esses ensaios tive essa inquietação pela literatura, senti que realmente ela aguça nosso desenvolvimento como pessoal e nossa sensibilidade. Falar de literatura e como ela é revolucionária me comove de tal maneira que nada parece ser suficiente para explicar tudo o que sinto ou como enxergo o mundo...Ainda preciso de mais!

Bem como entendi muito bem, ao longo da minha jornada de leitora, que faz uma grande diferença e foi muito trabalhada ao longo dos ensaios: a necessidade de um arcabouço teórico, refinamento e ordenamento de pensamento. Inclusive, ao longo da leitura me lembrou de algo que sempre trouxe aqui no blog: quanto mais referencias, quanto mais preparados estamos para fazer uma leitura, para observá-la ativamente, mais aproveitamos da obra. Nunca excluindo, logicamente, nossos processos de vida, vivencias e tudo o que compõem quem somos.


15 de jan. de 2025

O avesso da pele, de Jeferson Tenório [30 livros antes dos 30 anos]

Comecei essa leitura por conta de uma amiga da faculdade em 2024 e só agora, em janeiro de 2025, que dei cabo de terminar, e faltava apenas os últimos capítulos. Esse livro eu tenho só a versão digital para kindle, não pretendo comprar a física. Enfim, sou apaixonada pela literatura brasileira, principalmente os clássicos e atualmente, vários lançamentos recentes e ou autores independentes tem me fisgado. Eu sempre gosto de frisar que à maneira como nós fazemos literatura é única, intensa e cheia de poeticidade, denuncia e magia. 



Esse é um livro que está no meu desafio de 30 livros, e decidir colocar ele na lista quando a leitura já estava em andamento. Consigo facilmente ver ele se tornar um clássico futuramente! Ele me fez refletir, chorar, sorrir, me identificar no papel de professora/educadora que foi largando o barco, e olha que sem  muito tempo de experiência. Tive a experiência em sala de aula, mas muito provavelmente eu não volte mais...

O avesso da pele é um romance intenso sobre identidade racial, relações sociais, violência estrutural e luta pela sobrevivência. Não é atoa que foi vencedor do Prêmio Jabuti na categoria de "Romance Literário".  Vamos acompanhar a história de Pedro, que, após a morte do pai, busca resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Uma forma que o filho tem de lidar com o luto e honrar a memória do pai. Com uma narrativa sensível e às vezes brutal, o autor traz luz a uma realidade de um país marcado pelo racismo estrutural, velado e escancarado, um sistema educacional falho e um denso relato sobre as complexas relações geracionais entre pais e filhos.

Temos o vislumbre da vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais em um país extremamente racista, vemos todo o processo de dor de uma vida inteira, anos de sofrimento e injustiças sociais, temos também o processo de "acerto de contas" e também de "redenção" com seu relacionamento. 


O autor tem uma habilidade incrível na concepção e estruturação dos personagens, além da forma de lidar com as complexidades sociais e emocionais, bem como as tragédias individuais e das relações familiares. A voz dos personagens são potentes, profundas e bem características, apesar de ser contado tudo por um narrador quase completamente "onisciente" (o filho), há vários detalhes narrativos que apenas os personagens possuem, é como se o narrador desse a voz e a vida para eles.

Essa leitura, apesar de ter sido demorada para mim por diversos motivos do cotidiano mesmo, foi excelente e maravilhosa, foi minha companheira de metrô e ônibus a caminho da faculdade, já que trabalho home office mesmo. Ela me fez parar diversas vezes e repensar o Brasil que vivemos, as dificuldades que, apesar de ler sobre, nunca vou entender completamente por ser branca. Uma angustia e desolação me pegavam, mas ao mesmo tempo a narrativa é reconfortante, extremamente poética e em vários momentos delicada estruturalmente. 

De alguma forma, apesar de ser visceral, é acolhedora! Eu fiquei embasbacada com absolutamente tudo nesse livro: a narrativa, enredo, desenrolar da trama, construção dos personagens, ambientação, as brasilidades tão únicas e características do nosso Brasil. Enfim, não teve como não me envolver, e me deixar ser levada por esse livro. Ele foi tão precioso por tanto tempo, que é até estranho me despedir dele em uma resenha. 


13 de jan. de 2025

"O invasor venusiano", de Larry Sternig, e "Depois do fim do mundo", de Lisandro do Amaral [Leituras do kindle]

O ano mal começou e estou lendo como se não houvesse o amanhã, além de estar escrevendo muito também, como se minha sanidade dependesse exclusivamente de escrever. Tem sido divertido. Estou com a sensação de que esse janeiro será longuíssimo! Parte de mim está super feliz por isso, aliás. Estou fazendo vários posts e programando eles, estou feliz com esse empenho inicial que estou tendo, espero que ele dure o ano inteiro!



Esses dois contos/livros não pertencem aos meus dois desafios literários principais, no entanto, estava com saudade de ficção científica e sai caçando pelo kindle o que ainda estava para ler, então, mais dois lidos da minha biblioteca virtual. Ambos os contos são fluidos, rápidos e interessantes, porém, não achei que foram tudo isso. Vou fazer a resenha pela ordem de leitura. 

O invasor venusiano

Leah Barrow morreria. Tar Norn, o invasor venusiano da base de pesquisas, havia jurado isso, a menos que ele fosse libertado nas suas condições. Mas liberdade para o pirata significa a morte para muitos, e era dever do Diretor Barrow detê-lo, mesmo que isso custasse a vida de sua preciosa filha. Uma luta contra o tempo para conseguir salvá-la sem fazer acordos escusos, a angustiante narrativa segue cada avanço do cronometro e o desespero dos personagens e passa muito bem a sensação de esgotamento tanto temporal, quanto emocional de todos os envolvidos. 

No geral, o enredo é bem amarrado, com um ritmo de urgência e desespero. Achei bem razoável! Um conto simples, rápido e bem old style da ficção científica. Inclusive, tive a sensação que parte da trama era bem previsível e que lembra, realmente, as séries de sci-Fi da década de 1970. De todo não é ruim, foi ótimo para passar o tempo, me entreter, mas não achei que foi algo extraordinário. No saldo final a história passa bem batida, mas fica na memória o cenário classicão de sci-fi. Nos últimos anos tenho ficado muito exigente com minhas leituras, e a forma como encaro elas tem sido ainda mais observadora e tento o máximo possível ser atenta aos detalhes.

Depois do fim do mundo

A premissa é interessante e o ritmo da narrativa até que é bom, contudo varia um pouco lá pelas tantas, e torna-se uma narrativa um pouco mais arrastada, não de modo ruim, e sim detalhada em alguns aspectos. Temáticas como a solidão, valorização da vida e da rotina, socialização são predominantes desde o início do conto. 

Por ser uma história que se passa no Brasil e é de um autor brasileiro, senti falta de brasilidades, coisas que são tão únicas na forma de ser e escrever brasileira. Achei, pois, o enredo tão genérico que várias vezes imaginava um cenário estadunidense e não brasileiro! Inclusive, várias características na descrição das paisagens é muito americanizada ou extremamente genérica, e quando tinha alguma descrição dos cenários brasileiros, mais parecia a visão estereotipada de um gringo do que alguém que resida nas terras tupiniquins. 

Logo de início senti a escrita muito parecida com autores americanos de ficção como o Stephen king, algo bacana, no entanto achei que o autor foi perdendo a mão em suas inspirações e influências, absorvendo muito mais dos autores estadunidenses e deixando até as característica brasileiras de lado. Além disso, algo que me incomodou foi que houve alguns "erros de continuidade", o personagem, por exemplo, descreveu 3 vezes que estava em São Paulo, sendo que apenas uma dessas vezes realmente estava, de acordo com a própria narração!!

No início, por exemplo, disse que estava em São Paulo, mas ao longo no enredo ele está, na verdade, em Curitiba, e depois vai para a Avenida Paulista, mais pra frente ele comenta que chegou em São Paulo...Bem como a temporalidade é um pouco confusa, tanto na contagem, quanto na descrição da passagem do tempo. Não possui explicações consistentes, e deixa tudo para um segundo volume, que caberia muito bem em um só! 

Enfim, essas foram minhas duas leituras de ficção cientifica da semana e foram bem razoáveis, talvez um pouco decepcionantes, mas foram boas para passar o tempo. Estou empolgada para os próximos livros das metas de leituras e das vontades aleatórias para ver o que me aguarda! 

9 de jan. de 2025

Me casei com uma colega para calar os meus pais, de Naoko Kodama [mangá]

Esse mangá não é tão leve quanto a capa pode sugerir, mas também não será algo pesado. A obra trata de diversos temas que engloba  do mais cotidiano a consequências de traumas de infâncias gerados pelos pais. Me senti muito conectada tanto por ser LGBT e achar diversas situações bem familiares, quanto pela forma de condução da narrativa. Vou contando mais ao longo do post sobre isso.


Desde criança, Machi seguiu o caminho traçado por seus pais em absolutamente tudo. Ao começar a trabalhar em uma empresa listada na bolsa de valores, achou que estaria livre deles, no entanto, passaram a insistir para que ela se casasse. Cansada de ser controlada, acaba arranjando um casamento de fachada com sua amiga Hana, que no passado havia se declarado a ela. Machi pareceu meio constrangida em viver ao lado dela, mas ao mesmo tempo sentia-se inesperadamente confortável, acolhida e apoiada. Nessa edição, além dos capítulos referentes à história que dá título ao mangá, ainda inclui uma one-shot “Amor anaeróbico”.

Essa obra é volume único, o que me agrada muito! Nessa temporada da minha vida estou gostando mais de livros únicos, mangás únicos...E as séries que tenho em andamento estão paradas, reconheço que algumas devo dar continuidade, outras nem tão cedo voltarei. Como gosto muito de mangás, queria começar esse ano de 2025 com algo que me acalentasse depois de um ano turbulento, mas não ruim no todo. 

Enfim, vamos à obra: acompanhamos a Machi e a Hana, duas amigas de longa data que confidenciam muito uma a outra. Ambas embarcam em uma peripécia de um casamento forjado sugerido pela Hana, já que Machi está com problemas com os pais quererem forçar diversos pretendentes. Aqui teremos o famoso clichê de casamento forjado, no qual acaba em paixão e amor. No entanto, antes desse clímax afetivo, temos várias situações que "denunciam" a sociedade japonesa e suas mazelas como homofobia, os pais ditando a vida dos filhos de maneira que os filhos perdem a própria identidade e gosto pela vida, também é abordada a solidão, sexualidade e identidade.

Machi é uma personagem quebrada, possui vários traumas de infância, abusos psicológicos sofridos de ambos os pais. O pai que joga a culpa na mãe por qualquer coisa que acontece com a filha, e mãe que desconta todo abuso que sofre do marido na filha, além da reprodução de uma educação opressora passada de geração para geração. Machi rompe esse ciclo, quando aceita esse casamento arranjado sabe que torna-se uma transgressora e que será "deserdada". A personagem tenta ser fria, distante emocionalmente, tenta não demonstra muito o que sente e foca em no seu trabalho. Com Hana ela tem apoio como nunca teve antes, além disso com a convivência diária, Machi começa a questionar sua personalidade e como quer seguir a vida ao ver de perto a forma de pensar e viver de sua amiga.


Hana é uma personagem doce, prestativa, divertida, segura de si e o que quer para a vida. Toma a liderança em diversas situações, está completamente confortável com sua sexualidade. Hana tem facilidade em fazer amigos, conseguir companhias de todo tipo, além de ser uma ótima cozinheira. Hana é apaixonada por sua amiga, e sempre está disposta a ajudar Machi! Ela vai influenciando sua amiga com sua personalidade radiante e muito madura emocionalmente. 

Gostei muito da condução da história, do crescimento emocional das personagens, principalmente da Machi, da amizade crescente e da paixão entre elas. A dinâmica da relação delas possui amor, cuidado, paciência e apoio, diversos momentos que uma defende a outra e demonstram esse amor por atos do dia a dia. Amei estar conectada com essa história, como os temas são tratados, a solidão da Machi, por exemplo, é retratada nos atos no dia a dia, alguns dos seus pensamentos, uma rotina solitária e fria, ou até mesmo como as pessoas a veem. Foi muito gostoso acompanhar essa história e sentir diversos momentos de familiaridade, e de alguma forma acolhimento. 

7 de jan. de 2025

Livros de Dezembro de 2024 [Parceria livraria UNESP]

Desde março de 2023 o Exploradora de páginas tem parceria com a Livraria UNESP (livraria da própria Universidade Estadual Paulista), ela é localizada no número 108, Praça da Sé, Centro, São Paulo. É sempre com muita alegria e empolgação que trago os livros dessa parceria, poder escolher os títulos é extremamente importante para mim, pois assim tenho certeza que os lerei. Sempre estou atenta as obras que com toda certeza vai mexer com minhas estruturas e irá marcar minha vida para sempre! Sim, sou um pouco dramática com a literatura.  

Aliás, mediante essa parceria tenho lido tantos livros incríveis e marcantes que realmente é um divisor de águas nas minha vida literária. Além disso, converso bastante com o pessoal da equipe da livraria, sempre pego algum livro recomendado também. Bom, vamos ao livros do mês de dezembro!

Estou bem empolgada para essas leituras, e muito feliz com essas aquisições! Inclusive, Olhos d'água está na minha meta de leitura dos 12 livros para 2025, então aguardem pois teremos resenha muito em breve desse livro.


O livro do chá, Kakuzo Okakura

Lançado originalmente inglês, é um ensaio de Okakura Kakuzō sobre a cerimônia do chá e como ela se relaciona com os aspectos da cultura japonesa. Lançado em 1906 durante a Era Meiji, o livro é direcionado para uma audiência ocidental. Eu e meu marido somos apaixonados por chás, e gostamos da cultura japonesa, então muito provavelmente será um livro que leremos mais ou menos juntos.  



Olhos d'água, Conceição Evaristo

Em Olhos d'água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Um livro que vários dos meus amigos da faculdade de Letras já leram, não posso ficar para trás, não é? A proposito, a própria autora já foi na FFLCH dar algumas palestras, desde então tenho grande curiosidade com a escrita da Evaristo. Estou muito empolgada com essa leitura, como mencionei anteriormente, será leitura desse mês e em breve terá resenha aqui no blog. 




Oliver Twist, Charles Dickens

Oliver Twist é um romance de Charles Dickens que relata as aventuras e desventuras de um rapaz órfão. É um dos romances onde o autor trata do fenômeno da delinquência provocada pelas condições precárias da sociedade inglesa da época. Essas coleção da Editora Unesp é extremamente encantadora, muito bem trabalha e cheia de detalhes, o que me faz querer vários números, aos poucos estou adquirindo algumas edições aqui e ali. Já faz um bocado de tempo que estou querendo esse clássico, vi tantas resenhas de pessoas distintas que já me apaixonei pelo livro antes mesmo de lê-lo, além disso, amo a escrita do Dickens, é um autor que me cativa demais.







6 de jan. de 2025

RETROSPECTIVA| Livros favoritos de 2024

Não canso de observar que 2024 passou muito rápido, inclusive o mês mais eterno: janeiro. Nem deu tempo de digerir uma coisa e já começou outra, resumidamente foi bem cansativo. No entanto, a literatura é a cura e elevação da minha alma. O que houve de livros favoritos que me marcaram, principalmente na jornada de auto descoberta que comecei, é muito especial. Como bruxa, o autoconhecimento e o mergulho no meu íntimo é muito importante para minha identidade, dessa maneira uso, também, a literatura como uma de minhas ferramentas. 

A literatura me trás um refrigério enorme! Em muitos momentos da vida quero apenas me desligar, me trancar em um ambiente confortável e sumir por dias, apenas para ficar lendo os livros e deixa as palavras me tocarem e moldarem. 



Demian, Hermann Hesse 

Um dos meus favoritos talvez foi o mais marcante do ano! Esse foi meu primeiro contato com o Autor, e já me apaixonei! Demian me envolveu, me conduziu e acompanhou meu dia a dia pela agitada vida paulistana. Veio tão fundo na minha alma que mal conseguiria dizer uma passagem favorita, quis grifar quase tudo! Achei que foi um momento único a leitura desse livro para mim, foi uma catarse completa. Simplesmente achei mais que essencial para minha vida. Com toda certeza, irei reler!

A dançarina de Izu, Yasunari Kawabata

Foi uma experiência e tanto! Esse também foi um que me encantou com a narrativa e  características inusitadas e quase fantásticas de enxergar o cotidiano. A magia da vida está nas viagens inesperadas, pessoas interessantes e um olhar atento aos detalhes e miudezas da vida. As paixões, a arte, a natureza, e cotidiano podem ser o que precisamos para renovar o desejo de viver. Primeira vez que leio algo do Kawabata, e me deixou extremamente intrigada e com vontade de ler absolutamente tudo dele.

Gente pobre, Dostoiévski

Dostô tornou-se um dos meus autores favoritos desde Noites Brancas. A narrativa nesse livro é poética, envolvente e visceral. Mais do que qualquer um somos forçados a pensar a vida, as diversas realidades russas. O autor nos coloca no cotidiano de dois personagens pobres, seus sonhos, suas dores, vergonhas e anseios nos são expostas através de uma narrativa epistolar e orgânica entre o protagonista e sua querida amiga. 

A orgia dos Duendes, Bernard Guimarães

Muito ritmado, vertiginoso, que leva o leitor a uma viagem mística cheia de magia. Adorei demais essa leitura! Cada verso foi um encanto..Claro, não deixa de ser uma leitura complexa e às vezes difícil, mas muito divertida e gostosa no fim das contas. Esse é o mesmo autor de Escrava Isaura. 

Teoria do medalhão, Machado de Assis

Conto extraordinário, profundo, preciso e atual! Os contos do Machado são espetaculares, tanto na narrativa, quanto na crítica social. No caso da teoria do medalhão, a crítica vai à sociedade e sua mediocridade e falta de profundidade. Machado é um dos meus autores favoritos, ele me envolve de modo a sempre me fazer querer ler e reler todas as obras.

Se os gatos desaparecessem do mundo, Genki kawamura  

Leitura maravilhosa, emotiva e que de certa forma trás um conforto sobre a vida e a morte. Viver sem arrependimentos é tudo o que todos nós queremos. Uma vida bem vivida, com experiências e saber que aproveitamos as oportunidades. Porém sempre temos algum arrependimento ou uma sensação de que não estamos aproveitando adequadamente. A temática sobre a morte e a preparação para ela também é muito necessária, e que trás a normalidade de que há um fim e ele chegará. Chorei? Chorei. Não muito, mas chorei. Tenho gostado muito da literatura japonesa e as surpresas que ela tem me revelado. Outro autor que conheci no ano de 2024 e foi uma grata experiência!

4 de jan. de 2025

Aqueles que queimam livros, de George Steiner


Você, caro leitor, já parou para notar o poder que a literatura e o ato de ler possuem? Caso tenha dificuldade de imaginar, observe que, ao lermos um texto, podemos ser, ou em alguns casos, somos convertidos a uma "fé", ou a uma certa ideologia que nos fará mudar completamente a perspectiva de vida, sermos mais empáticos, reforçar nossos valores ou repensar completamente em quem somos e o que queremos ser e transparecer ao mundo. "Aqueles que queimam livros" tornou-se um dos livros que me fizeram repensar tremendamente e entrou para o hall de "livros da minha jornada de autoconhecimento" do ano de 2024, por trazer tão forte o sentido da literatura na vida humana de forma geral.

Concordo com um trecho do primeiro ensaio, que na minha visão de beletrista é sublime: "Na experiência humana, não há fenomenologia mais complexa do que aquela dos encontros entre texto e percepção, ou, como observa Dante, entre as formas da linguagem que ultrapassam nosso entendimento e os níveis de compreensão em relação aos quais nossa linguagem é insuficiente [...]". 

 

"Os livros são nossa chave de acesso para nos tornarmos melhores do que somos"
Esse pequeno livro de 90 páginas recebi de presente de uma queridíssima amiga, e me fez contemplar toda a filosofia da linguagem e do texto, o quanto ele nos marca profundamente, o quanto um texto nos faz transcender nossa própria realidade, e dizer isso não é exagero. Os livros são o que me move, o que me prende a existência e que me faz ansiar pelo próximo. Esse amor me move pelas decisões cruciais da vida e como enxergo toda minha existência. Sou apenas um exemplo dentre vários leitores ao redor do mundo e como cada um encara o poder do texto, então sim, a literatura, de forma geral, nos modifica imensamente.

"Aqueles que queimam livros, que banem e matam poetas, sabem exatamente o que fazem. Seu poder é incalculável " (página 15).

Observe em você mesmo....Quantos livros você leu e que transformaram ou te fizeram chorar, rir, sonhar, ou até mesmo que não saiu da sua mente durante dias, semanas? Os livros mudam, inclusive a forma como nos comunicamos, a forma que pensamos e nos comportamos. Talvez esse post esteja sendo um pouco redundante até então, contudo, acredito que, nesse momento, não tem outra forma que eu consiga expressar essa intrigante paixão de melhor maneira. 

Aqueles que queimam livros é um texto do professor George Steiner que nos convida a mergulhar na literatura e na leitura, observando, sempre, o poder avassalador que a escrita possui. Ler é como ver décadas, séculos de pensamentos e transformações, é deixar-se transbordar pela pura magia literária e ser transformado!

O autor usa de vários comentários e recorre a várias fontes para trazer ao leitor o olhar crítico sobre a importância do texto e a influencia textual. Inclusive, é usado o exemplos das Escrituras, cultura judaica e cristã para falar sobre as impressões textuais e o quanto elas moldam grupos sociais. Ademais, exemplos como a filosofia, literatura grega e a psicanálise são recorrentes na construção da argumentação. Um detalhe muito interessante trazido no texto é como as impressões à respeito da Torá mudaram ao longo dos séculos dentro da própria comunidade judaica e como os textos sagrados são encarados atualmente inclusive pelos principais estudiosos judeus.

O livro também trás a realidade digital para o seu discurso, como o armazenamento de dados e o avanço dos dispositivos eletrônicos afetam a produção e recepção do texto. De modo geral, essa coletânea de ensaios curtos nos fazem refletir em toda a dinâmica literária, sua existência, persistência e permanência. O quanto a história da humanidade de alguma forma está entrelaçada com a escrita e textos literários, por mais sagrados que alguns textos possam ser certos à grupos de pessoas. Sem dúvida nenhuma, portanto, o livro nos faz refletir sobre a importância da literatura e seu impacto não somente no mundo, mas em nós mesmos como indivíduos-leitores.




3 de jan. de 2025

Blade Runner - O caçador de androides | Encontrei um lugar de conforto!

O último filme assistido em 2024 foi um dos meus filmes favoritos! Assisti com o meu marido, o qual nunca tinha assistido e me senti como uma testemunha da ficção científica, pronta para ser a fangirl a erguer uma bandeira! No entanto, dessa vez eu tive muito mais contemplação e uma sensação de quentinho assistindo esse filme do que imaginei que teria, ele me trouxe conforto em meio as necessidades emocionais de encontrar esse lugar comum e acolhimento no fim de ano. 

Uma das coisas que sempre me impressionou desde criança, quando foi a primeira vez que assisti com meu pai, foi a estética. Simplesmente o ambiente, a estrutura dos prédios, os carros, equipamentos, figurino e a predominância do retrô, mesmo se tratando de algo futurístico. 

O underground das cidades é levado ao extremo durante todo o cenário e construção do longa, com o exagero nítido em cores e intensidade, que contrastam entre classes sociais, comerciais e aspectos urbanos. O neon, o brilho dos lasers, as roupas extravagantes e algumas até bem espalhafatosas, uma mistura da famosa arte noir com o futurismo... Tudo isso são características marcantes dos exageros dos anos 1980, o que particularmente gosto bastante, além do consumo desenfreado sendo entrelaçado à forma de vida. Não é atoa que esse mundo distópico pertence aos grande conglomerados empresariais tecnológicos. 

Tudo é bem marcante e distinto. A marca sombria, melancólica e filosófica dão ainda mais intensidade a narrativa. O capitalismo em sua forma mais selvagem e bruta com ruas lotadas de lixo, gente de diferentes origens tentando sobreviver, comércios, vendinhas de ruas, desigualdade social no talo, e uma cidade pulsando vida e acontecimentos em meio ao caos e disputas de poder de diferentes espécies. 

E onde encontrei conforto nesse filme? você pode perguntar... Encontrei em sua narrativa que busca por vida, pelo sentido dela e do desespero por ver e sentir mais. Poder sentir e viver! Encontro conforto na sua poesia, em sua loucura e sanidade. É como se o ato de reassistir a um filme de ficção científica que tanto gosto me trouxesse uma sensação não só de familiaridade, mas como se por um momento essa obra me abraçasse e tirasse sombras da minha própria melancolia e realidade naquele instante. 

Sem dúvida nenhum é uma distopia que todos lutamos para não se tornar realidade em nosso mundo! Mas como obra de ficção, ela tem uma capacidade de tocar nossos seres em busca do nosso próprio sentido de vida e de realização. Em busca de algo confortável e melhor para todos! Enfim, não queremos ruas empilhadas de lixo, ar quase irrespirável e um sistema socioeconômico que consome absolutamente tudo à sua frente, pelo contrário, queremos mais humanidade! Encontrei mais um conforto emocional nessa tarde do dia 30 de dezembro de 2024, e talvez uma forma confortável para lidar com o fim de mais um ciclo anual.

 

1 de jan. de 2025

Desafio literário: 12 livros para 2025

Feliz 2025!! Mais um desafio literário que estou me enfiando! eu amo desafios, eles me motivam, dão um gás nas leituras e particularmente levo com leveza, realmente mais como um motivador. 2024 não foi um ano fácil para ninguém, muitas coisas ficaram pelo caminho, incluindo nossas leituras e resenhas tão queridas. Uma coisa que precisamos levar para esse ano de 2025 é não negociar o inegociável! 


No dia em que escrevo esse post é véspera de ano novo, ou seja dia 31. Algo que me impressiona na vida adulta é nossa capacidade de se dividir e cumprir nossas responsabilidades de diversas formas. Claro, o blog para mim é uma cantinho de refúgio, mas como estou com foco em postar com regularidade, então estou aqui escrevendo, de certo modo como uma responsabilidade que quero cumprir comigo mesma. Desse modo, vamos aos livros...

Separei 12 livros que quero ler ao longo do ano de 2025, alguns livros estão na lista de "30 livros antes dos 30 anos", outros não. Algo que gosto de frisar é que: os livros não estão em ordem de leitura, é apenas uma lista para me guiar ao longo do ano, e dessa vez espero conseguir me dedica as leituras e resenhas desse ano! E você, caro leitor, já leu algum desses, ou gostaria de me acompanhar em uma leitura? 


Meninas, de Ludmila Utiskai;

Lady Macbeth do distrito de Mtzensk, de  Nikolai Leskov;

O grande Gatby, de F. Scott Fitzgerald;

Olhai os lírios do campo, de Erico Veríssimo;

Querida Konbini, de Sayaka Murata;

Olhos d'água, de Conceição Evaristo;

O ensaio sobre a cegueira, de Saramago;

Lições de poética, de Paul Valéry;

O lobo da estepe, de Hermann Hesse

Pequenos Burgueses, de Górki;

O fim da infância, de Arthur C. Clarke;

Antes que o café esfrie, de Toshikazu Kawaguchi.



Leia esse post!

Razão e sensibilidade, Jane Austen

Esse é o segundo livro da maratona literária de inverno 2020 que termino, e como o escolhi para o desafio certo! "Um livro suspeito  de...