Esse mangá não é tão leve quanto a capa pode sugerir, mas também não será algo pesado. A obra trata de diversos temas que engloba do mais cotidiano a consequências de traumas de infâncias gerados pelos pais. Me senti muito conectada tanto por ser LGBT e achar diversas situações bem familiares, quanto pela forma de condução da narrativa. Vou contando mais ao longo do post sobre isso.
Desde criança, Machi seguiu o caminho traçado por seus pais em absolutamente tudo. Ao começar a trabalhar em uma empresa listada na bolsa de valores, achou que estaria livre deles, no entanto, passaram a insistir para que ela se casasse. Cansada de ser controlada, acaba arranjando um casamento de fachada com sua amiga Hana, que no passado havia se declarado a ela. Machi pareceu meio constrangida em viver ao lado dela, mas ao mesmo tempo sentia-se inesperadamente confortável, acolhida e apoiada. Nessa edição, além dos capítulos referentes à história que dá título ao mangá, ainda inclui uma one-shot “Amor anaeróbico”.
Essa obra é volume único, o que me agrada muito! Nessa temporada da minha vida estou gostando mais de livros únicos, mangás únicos...E as séries que tenho em andamento estão paradas, reconheço que algumas devo dar continuidade, outras nem tão cedo voltarei. Como gosto muito de mangás, queria começar esse ano de 2025 com algo que me acalentasse depois de um ano turbulento, mas não ruim no todo.
Enfim, vamos à obra: acompanhamos a Machi e a Hana, duas amigas de longa data que confidenciam muito uma a outra. Ambas embarcam em uma peripécia de um casamento forjado sugerido pela Hana, já que Machi está com problemas com os pais quererem forçar diversos pretendentes. Aqui teremos o famoso clichê de casamento forjado, no qual acaba em paixão e amor. No entanto, antes desse clímax afetivo, temos várias situações que "denunciam" a sociedade japonesa e suas mazelas como homofobia, os pais ditando a vida dos filhos de maneira que os filhos perdem a própria identidade e gosto pela vida, também é abordada a solidão, sexualidade e identidade.
Machi é uma personagem quebrada, possui vários traumas de infância, abusos psicológicos sofridos de ambos os pais. O pai que joga a culpa na mãe por qualquer coisa que acontece com a filha, e mãe que desconta todo abuso que sofre do marido na filha, além da reprodução de uma educação opressora passada de geração para geração. Machi rompe esse ciclo, quando aceita esse casamento arranjado sabe que torna-se uma transgressora e que será "deserdada". A personagem tenta ser fria, distante emocionalmente, tenta não demonstra muito o que sente e foca em no seu trabalho. Com Hana ela tem apoio como nunca teve antes, além disso com a convivência diária, Machi começa a questionar sua personalidade e como quer seguir a vida ao ver de perto a forma de pensar e viver de sua amiga.
Gostei muito da condução da história, do crescimento emocional das personagens, principalmente da Machi, da amizade crescente e da paixão entre elas. A dinâmica da relação delas possui amor, cuidado, paciência e apoio, diversos momentos que uma defende a outra e demonstram esse amor por atos do dia a dia. Amei estar conectada com essa história, como os temas são tratados, a solidão da Machi, por exemplo, é retratada nos atos no dia a dia, alguns dos seus pensamentos, uma rotina solitária e fria, ou até mesmo como as pessoas a veem. Foi muito gostoso acompanhar essa história e sentir diversos momentos de familiaridade, e de alguma forma acolhimento.
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