Resenha: Guerra justa, Carlos Orsi (Nacional)

Abalada por uma catástrofe natural de proporções cósmicas, a humanidade reinventa sua religião e se unifica sob o culto do Pontífice – um homem que demonstra ser capaz de prever novas tragédias. Mas há quem duvide do bom uso desse poder e acredite que ele poderia evitar muita morte e sofrimento.
Duas irmãs, a freira Rebeca e a cientista Rafaela, veem-se envolvidas em um perigoso jogo de manipulação da realidade e são transformadas em agentes de uma conspiração que busca minar a influência do culto e desvendar o segredo de suas profecias.

"Afinal, como você explica para as pessoas que existe uma máquina capaz de prever desastres exatamente como este que as atingiu, mas que, mesmo assim, elas não foram avisadas? Você não diz que é uma máquina. Você mente. Você diz que é a vontade de deus."-página 44

Narrado em terceira pessoa, seguimos vários pontos de vista da história, de diversas pessoas de nacionalidades diferentes, como elas estão vivendo sob o culto do poderoso e enigmático Pontífice, em uma época onde a religião foi reinventada, onde as pessoas são privadas de seus direitos e a ciência é usada para legitimar tal poder. Com a ascensão de uma conspiração secreta, que de alguma forma quer libertar as pessoas. Mas se o culto for destruído, quem protegerá a humanidade de uma natureza descontrolada? Como a conspiração poderá vencer um inimigo capaz de prever cada passo? 

O livro não se aprofundar tanto nos personagens, apesar de termos personagens incríveis, e obviamente conheceremos seus pensamentos, e opiniões sobre a situação do mundo, como Ma go, que tem um senso de humanidade e que vidas humanas, são vidas não brinquedos, mas senti falta do aprofundamento neles, por exemplo, queria ler mais sobre a Rafaela e seu envolvimento na conspiração e como ela tomou as decisões que tomou, o que a fez mudar de opinião (não quero dar spoilers, por isso não vou me aprofundar), mas senti alguns personagens frios, distantes, até mesmo a motivação de alguns ficou sem um "porque", parecia que estavam agindo daquele jeito por agir.  

Todavia, o escritor se aprofunda na história, no que aconteceu depois da catástrofe e como o mundo seguiu com isso. Uma das diversas coisas que gostei, é que o mundo é bem explorado. Nada acontece sem algum tipo de consequência; aqui não há aquela carência que encontramos em alguns livros de distopias, onde não é observado as consequências no mundo, apenas impactos em uma determinada localidade e/ou país. 

A narrativa é bem fluida, você termina o livro sem perceber,  o enredo é muito interessante e como toda boa Ficção científica deve ter.. uma ciência que faz sentido e tecnologias futuristas muito, muito intrigantes e curiosas, como o mediador, que apesar de ser um tanto perigoso iria facilitar a vida hehehe. A literatura nacional, portanto, está repleta de livros extraordinários, cheio de contos e enredos memoráveis, basta uma divulgação melhor por parte das editoras, para que o público tenha conhecimento.

O livro é dividido em 3 partes (chamadas de fases) com 19° capítulos ao todo, com um prólogo e epílogo. As folhas são amareladas e grossas, impressas em papel Pólen Bold,  a fonte é média. E toda iniciação de uma nova fase tem um interlúdio, que mostra acontecimentos que de alguma maneira iram afetar os personagens principais.


Título: Guerra justa
Autor: Carlos Orsi
Número de páginas: 150
Editora: Draco
Ano de publicação: 2010

Pontos positivos: protagonista feminina, tecnologias futurísticas, enredo e narrativa

Ponto negativos:  Além de ser muito curto :/ Nesta primeira edição encontrei muitos erros de digitação, ou palavras faltando, mas nada tão grotesco que atrapalhe a leitura. 

(Maravilhoso)

(Capítulo)

(Interlúdio)