27 de abr. de 2019

As funções da literatura | O valor das ciências humanas

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Por todo o caos da política brasileira e pela onda de desserviço cultural que está ocorrendo nos últimos meses é imprescindível um texto meu, falando sobre os papeis fundamentais da literatura e a importância das ciências humanas como um todo. Sendo assim, escreverei uma série de post sobre ciências humanas e seu valor. Convém, portanto, analisar  as características, finalidades e importância da literatura.

Nos é conveniente sabermos que um texto literário é apreciado por sua qualidade de composição. A própria linguagem é objeto de uma intenção criativa, sendo mutável e renovada, função em primeiro plano. Figuras de linguagem, dar-se a importância de diálogo indireto e riqueza de conotações são algumas das características dos textos literários, os quais exigem que façamos uma leitura profunda e interpretativa, considerando sua pluralidade de significados e levando em conta a bagagem literária de cada leitor e do próprio autor, assim como também sua época e cultura.

É interessante que a palavra literatura, possivelmente de origem grega,  significa a arte de escrever, seja em prosa ou em verso. Textos literários servem para nos divertir, nos levar para épocas e mundos diferentes, seja qual for o gênero literário, por todo o instante de nossa leitura somos os personagens que lemos, vivemos naquele universo o tanto que durar a leitura. Nós gostamos de tirar alguma lição do que lemos, tirar algum proveito do escrito, muitos livros sim carregam lições e críticas de seus autores seja ao sistema, a política de alguma época, moralismo ou apenas a arte de escrever e transmitir uma imersão apenas para o divertimento.

Todavia, mesmo aqueles livros que estão focados  apenas em entreter, os textos literários carregam um conhecimento de uma época, expectativas de uma sociedade, carregando um conhecimento sobre o ser humano e seu meio, aprimorando nossas faculdades mentais, influenciando-nos na forma de pensar, refletir e analisar. Não são poucos os livros que estão cheios de filosofia, como O coração das trevas, 1984,  A revolução dos bichos, O pequeno príncipe, O conto da aia, Solaris, O retrato de Dorian Gray, O morro dos ventos uivantes, e muitos, muitos outros que estão nas estantes do mundo todo.

Ademais, há livros que são verdadeiras denúncias, retratos das mazelas, como O cortiço, ou O quarto de despejo, são livros fortíssimos e que meche com o psicológico e emocional do leitor. Os livros nos ensinam, e nos desensinam dependendo... Alguns serão amados por muitos, ou por poucos, outros caíram no esquecimento, outros tornar-se-ão clássicos que serão lidos por gerações como Shakespeare. A literatura, não somente nos ensina nossa própria linguagem, mas também outras línguas e formas de expressar-se, assim como forma cidadãos conscientes e questionadores, nos faz ver além do agora, um pouco depois do futuro, e refletir no outrora.

Destarte, textos com riquezas textuais e figuras de linguagem carregam muito mais do que pensamos, a cada leitura uma nova descoberta, uma nova lição, cabendo-nos valorizar e proteger o passado e o futuro literário, assim como para Johann Goethe, escritor alemão do século XVIII, o declínio da literatura é o declínio de uma nação, não deixemos esse desastre acontecer.


19 de abr. de 2019

#projetoliteratura | Arcadismo


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Após deixar o blog às traças por algumas semanas, volto com nosso projeto de literatura, o qual consiste em divulgar e desmistificar a literatura, tornando-a mais fácil e acessível ao público em geral. 

O Arcadismo surgiu na Europa do século XVIII, durante os  anos de 1756 e 1825, e sua principal características é a exaltação da natureza, expressar crítica à burguesia, aos abusos da nobreza e do clero praticados no antigo regime. 

Devemos entender o contexto histórico da época, para entender essa escola literária. O século XVIII, também referido como “Século das Luzes”, representa uma fase de importantes transformações no campo da cultura europeia. Na Inglaterra e na França forma-se uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um intenso comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários. Paralelamente, a antiga Nobreza arruína-se, e o Clero, com as suas intermináveis polêmicas, traz o descrédito às questões teológicas. 

Ademais, em toda a Europa a influência do pensamento Iluminista burguês se alastra e algumas instituições entram em conflito umas com as outras. Há valorização da Ciência e do espírito racionalista, o método experimental desenvolve-se; a análise crítica dos valores sociais e religiosos aguça-se, provocando polêmicas; há uma grande confiança na capacidade do homem em promover o progresso social, crença em que o bem-estar coletivo só pode advir da razão, e a tendência de libertar o universo cultural da influência da religião acentua-se cada vez mais.

Interessante notar que o nome arcadismo é uma referência a região de Arcádia, região campestre do Peloponeso, Grécia. Por essa razão muitos poetas do arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos. Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos. Em Portugal, o arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte. A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as inutilidades"), escrito por António Dinis da Cruz e Silva no capítulo II do Estatuto da Arcádia  que vai caracterizar todo o movimento no país.

Ora, dentre os diversos aspectos do arcadismo destaca-se a imitação dos clássicos renascentistas, isto é o retorno da inspiração e influência da cultura greco-romana, sendo assim encontramos nos textos referência à mitologia grega, citações às divindades e suas características. Outro aspecto dessa escola literária é o racionalismo, preocupação com a verdade, com o equilíbrio, há moderação na expressão de sentimentos e também há uma repetição de termos como "ovelhas", "pastores", "estrelas". Não apresentando, porém, um estilo homogêneo, cheio de mitologia, simplicidade e racionalismo. 

Não esqueça de compartilhar o post, comente o que achou da escola literária e de sua época. 

6 de abr. de 2019

O assassinato de Roger Ackroyd, Agatha Christie

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Esse livro foi uma leitura arrastada para mim, demorei um tempo além do normal para termina-lo; a narrativa de O assassinato de Roger Ackroyd diferencia bastante de outros livros da autora, fica evidente que há uma inspiração em Arthur C. Doyle, e até mesmo o desfecho  da história ficou extremamente parecida com os enredos de Holmes. 

Em uma noite de setembro, o milionário Roger Ackroyd é encontrado morto, esfaqueado com uma adaga tunisiana – objeto raro de sua coleção particular – no quarto da mansão Fernly Park na pacata vila de King’s Abbott. A morte do fidalgo industrial é a terceira de uma misteriosa sequência de crimes, iniciada com a de Ashley Ferrars, que pode ter sido causada ou por uma ingestão acidental de soníferos ou envenenamento articulado por sua esposa – esta, aliás, completa a sequência de mortes, num provável suicídio.

Autora: Agatha Christie
Número de página: 306
Tradução:Renato Rezende
Editora: Editora globo
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Apesar de Hercule Poirot está aposentado, aceita investigar mais esse caso a pedido de Flora Ackroyd, sobrinha do falecido Roger Ackroyd, no começo do enredo aparentemente todos são suspeitos e parecem terem seus motivos, contudo ao decorrer da história as coisas ficam cada vez mais confusas, e os personagens parecem todos culpados e inocentes ao mesmo tempo.

Apesar de achar muito do livro previsível, e a narrativa muito oscilante entre o desinteressante, arrastada e o fluido, parece confuso..mas em determinadas partes a leitura flui. Outro ponto negativo é que o livro é muito machista, talvez essa tenha sido a intensão da autora como crítica à sociedade inglesa, mas incomodou de mais diversos trechos que citam as mulheres como inferiores, ou inocentes de mais, ou interesseiras e assim por em diante.

Em contra partida, o livro trás, de maneiras sutis em alguns trechos, algumas discussões interessantes, como pressões psicológicas pode afetar um individuou, vícios, relações familiares conturbadas, obsessões amorosas, materialismo e elitismo da sociedade inglesa.

Destarte é um livro que diferencia muito dos outros por se inspirar demasiadamente nos contos de Sherlock Holmes, para quem gosta do personagem irá se deliciar, para mim não foi muito gratificante, mas recomendo para quem gosta de histórias policias e gosta de Agatha Chriestie. A história do meu ponto de vista literário foi muito previsível e um tanto enrolado, com uma narrativa tão oscilante a ponto de me fazer desinteressar pela história.


Leia esse post!

Não pise no meu vazio, Ana Suy

Essa foi mais uma leitura terminada nesse mês de março, a qual me fez bem no geral! O livro possui, em muitos poemas, uma metalinguagem sobr...