21 de mai. de 2025

Se os gatos desaparecessem do mundo, Genki Kawamura

Mais uma leitura de 2024 que estou postando agora. Apesar de não ter conseguido publicar quase o ano inteiro e ter voltado apenas na última semana de dezembro daquele ano, não parei meus hábitos de leituras, logicamente. Vários e vários livros que foram lidos estou tentando trazê-los aqui para registrar essa leituras marcantes. Se os gatos desaparecessem do mundo foi mais um livro que li pelo Kindle e foi extremamente gostoso e fluido.


Imagine descobrir que tem poucos dias de vida. Agora imagine que uma figura misteriosa — que se parece muito com você — aparece oferecendo um acordo: para cada dia extra que você viver, algo precisará desaparecer do mundo para sempre. É esse o ponto de partida do delicado e emocionante romance Se os gatos desaparecessem do mundo, do autor japonês Genki KawamuraA escrita de Kawamura é leve, quase como se estivéssemos lendo os pensamentos do próprio narrador, um carteiro solitário que nos guia por sua breve e profunda jornada de autoconhecimento. Com uma prosa fluida e honesta, o autor nos convida a refletir sobre as coisas que tomamos por garantidas: o telefone, os filmes, os relógios... e, claro, os gatos.

Sem dúvida é uma obra filosófica que propõe uma profunda reflexão sobre o valor das pequenas coisas e a efemeridade da vida. Narrado em primeira pessoa, o livro acompanha a trajetória de um homem comum diante de um dilema existencial que o leva a revisitar suas memórias, afetos e escolhas. Com uma escrita fluida e envolvente, Kawamura constrói uma narrativa tocante, que mescla leveza e melancolia, convidando o leitor a contemplar o que realmente importa em nossa breve passagem pelo mundo.

O enredo pode parecer simples à primeira vista, mas é justamente essa simplicidade que emociona. Cada capítulo nos aproxima um pouco mais de memórias sutis, de relações quebradas e de reconciliações silenciosas com os outros e consigo mesmo. É um livro sobre perdas inevitáveis, mas também sobre o valor das pequenas alegrias cotidianas. 

Ao final da leitura, portanto, é impossível não deixar de pensar em nossas vidas e em tudo aquilo que construímos sem perceber, e em como os afetos moldam nosso mundo de formas invisíveis. Kawamura não força lágrimas, mas deixa uma saudade agridoce no ar, como quem se despede sem dizer adeus. É um livro que dá um embargo na voz e deixa um quentinho no coração meio amargo, meio doce.

Se você, caro leitor, gosta de histórias curtas, porém marcantes, com uma boa dose de filosofia existencial e ternura felina, esse livro é para você. Prepare uma xícara de chá, um cobertor e talvez uns lencinhos.


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