5 de abr. de 2025

Orange Vol. 2, Ichigo Takano

Essa foi mais uma leitura de março, um mês que não foi fácil, teve vários momentos de alegrias e felicidade, porém, também teve seus momentos de tristezas intensas. Estou bem deprimida nos últimos dias, e não tenho conseguido falar disso, só escrever sobre. Os processos de viver a vida e suas lutas diárias...

As leituras estão lentas e estou com vários livros acumulados. Estou sentindo que muita coisa do cotidiano não está rendendo tanto quanto eu gostaria, consequentemente me sinto incompetente na vida adulta, mas com a consciência de que é culpa do sistema em que vivemos.

Bom, falando da série propriamente, vou seguir lendo até o volume 5º. Estou curiosa, quero saber até onde as coisas vão chegar, e nesse momento da história mais questionamentos foram abertos. Apesar de ser apenas o volume dois o ritmo aqui foi bem diferente. Ainda não sei se vou ler os novos volumes (6º e 7º), parte de mim só quer terminar essa história o quanto antes, comentei sobre isso na resenha do vol.1.



Conhecemos um pouco mais sobre Kakeru, e descobrimos que ele é bem hesitante quanto as escolhas que precisa fazer para levar a vida de forma geral, inclusive sobre o que sente pela Naho, ele possui um medo de errar que o está assombrando e carrega uma culpa pesadíssima. Na medida em que a distância diminui, a Naho, cada vez mais deseja mudar o “futuro onde Kakeru não existe”. Mas ela acaba percebendo que mesmo alterando o presente, o futuro da Naho de 10 anos depois permanece inalterado. Então, a dúvida surge, será que ela deve continuar seguindo o que as carta dizem?

Ainda continuo tendo uma forte sensação de que já vi algo semelhante à essa obra, mas não consigo lembrar exatamente de onde vêm. Orange aborda e "apela" muito para a relação dos personagens e quão linda e verdadeira é amizade entre eles, o quanto se apoiam e protegem um ao outro. Naho está aos poucos tendo mais coragem para tomar as rédeas da vida dela, o que me assusta é ela se anular muito, o que me fez refletir bastante.

Apesar de não estar 100% conectada com a história e aos personagens, o mangá tem me feito refletir o quanto tenho realmente feito decisões que eu me orgulhe e se realmente eu tenho vivido da maneira que eu quero e não para agradar os outros. A história trás muito isso, não se anular e viver sem se arrepender de não ter feito algo, agido mais e "curtido" mais as pessoas à sua volta.

Acho que meu subconsciente está querendo me mandar uma mensagem, essa é a segunda leitura que faço nesse mês que tem um pouco dessa temática de agir e não ficar entorpecida na vida. Amo o quanto a literatura nos deixa inquietos e "pensando mil pensamentos". 

Essa edição que tenho em mãos em minha biblioteca possui uma novela ao final, Haruiro Astronaut, que estou achando bem chatinha. Os personagens parece caricatos ao extremo, apesar de se passar no mesmo colégio, o tom das histórias são bem diferentes, enquanto uma é bem mais dramática, a segunda é mais espalhafatosa, e com foco no romance das irmãs gêmeas. No geral é uma leitura que está me divertindo e sendo ótima para descansar entre as leituras mais densas e pesquisas da faculdade!

2 de abr. de 2025

Gente pobre, Fiodor Dostoiévski

Comecei a ler Dostoievski por Noites Brancas, e desde então tenho me aventurado em diversos livros e contos. Até mesmo algumas disciplinas que cursei na faculdade em anos anteriores me ajudaram a embarca nos grandes clássicos russos e entender o quão grande são. Não somente isso, eles têm me conectado com dois extremos: Uma parte profundamente íntima minha, e o segundo: me conectado com o outro lado do mundo em épocas diferentes. Sem dúvida nenhuma, ler é viajar no tempo! 

Fiodor Dostoiévski

Esse livro eu li em 2024, porém precisei dar uma relida para fazer essa resenha esse ano de 2025, e ler de forma um pouco menos despretensiosa, já que fiz análise dele durante parte do 1º semestre daquele ano. 

Antes de sua prisão, Dostoiévski deu vida a este romance em uma era em que a Escola literária Naturalista florescia na Rússia do século XIX. Com olhar aguçado e alma inquieta, ele mergulhou nos becos sombrios de São Petersburgo, desvendando a miséria e o desespero que habitavam os subúrbios da cidade, onde a esperança se dissolvia como névoa ao amanhecer.

"E depois a gente rica não gosta de ouvir os pobres se queixando da sua má sorte – dizem que incomodam, que são impertinentes! A pobreza é sempre impertinente mesmo – talvez porque seus gemidos famintos lhes perturbem o sono!"

Esse é o romance de estreia de Dostoiévski, publicado em 1846, foi imediatamente aclamado pelo público, fazendo o autor um escritor consagrado. Por meio da troca de cartas entre um funcionário público de menor cargo de uma repartição de Petersburgo e sua vizinha, uma jovem órfã injustiçada, o autor explora a fundo as variações de tom e tratamento, de saltos e encadeamentos na ação, para criar um texto comovente e, no dizer de Boris Schnaiderman, "marcado pela consciência da injustiça social".

Os personagens vivem uma situação financeira difícil e raramente se encontram, mesmo morando na mesma vila, mas tentam se apoiar mutualmente na medida do possível. Trocam cartas constantemente, e detalham seus pontos de vista, uma mulher pobre e um homem pobre. As cartas vão revelando aos poucos o passado e o presente dos protagonistas. São revelados seus pensamentos mais ínfimos, suas angustias, as pequenas alegrias e seus desejos mais simples.

Ao lermos temos uma rápida empatia por ambos, é difícil não se identificar com os dramas e preocupações financeiras, mesmo que estejamos em um Brasil de 2025 com diferentes realidades em contraste com uma Rússia antes da revolução. É um livro dilacerante, inquietante, e logo de cara já vemos alguns recursos estilísticos e detalhamento que, para um romance de estreia, é de se impressionar. 

O livro possui um tom muito melancólico e dramático, nos mostra a face humana mais desesperada em contraste com a mais abastada, toca no âmago e grita por justiça social. Ler Dostoievski é mergulhar na leitura, ir a fundo na humanidade e se ver, de alguma maneira bem louca, olhando um espelho e vendo parte de si mesmo. 

É uma obra que merece ser lida e relida, é uma obra que arrebata nossa consciência, enquanto uns desfrutam a vida e gozam dela, outros estão em estado de desespero em busca do básico para viver, moradia digna, salário descente que dê para comprar roupas, se alimentar e possuir o mínimo de lazer com um livro. Inclusive, o que vejo nos trabalhos do autor russo é essa paixão pela literatura, ela sempre está lá, de alguma forma ele vai trazer no subtexto. Seja um personagem com estantes repletas, outro que menciona algo, enfim...de alguma maneira está lá. 

Não tem como não se emocionar profundamente com o relato das roupas e botas furadas, a cena do botão da camisa caindo e o protagonista fazendo de tudo para pegar, o quanto esse botão é importante. A descrição dos sentimentos de andar mal vestido por não ter dinheiro suficiente para comprar roupas novas é dilacerante...Enfim, é um livro poética e melancolicamente dilacerante.

Desde que comprei meu kindle ano passado tenho lido bastante nele, inclusive comprando clássicos a preços irrisórios, isso tem me motivado muito a lê-los ainda mais! Eu que fui sempre a defensora dos livros físicos tenho encontrado paz no digital também. 


Leia esse post!

Não pise no meu vazio, Ana Suy

Essa foi mais uma leitura terminada nesse mês de março, a qual me fez bem no geral! O livro possui, em muitos poemas, uma metalinguagem sobr...