28 de fev. de 2023

Resenha: Gosick Vol. 1 e 2 (Mangás)

Essa ano uma das minhas metas é ler mais mangás, então um das primeiras séries que estou acompanhando é Gosick é uma série de light novel japonesa escrita por Kazuki Sakuraba e ilustrada por Hinata Takeda. 


A história de Gosick acontece no ano de 1924 em uma pequena nação fictícia europeia francófona, denominada Saubure. O anime se concentra em Kazuya Kujo, o terceiro filho de um Soldado Imperial Japonês, que está estudando por intercâmbio na Academia Santa Margarida, onde as lendas urbanas e histórias de terror são um assunto comum. Ao conhecer a Victorique, uma garota linda e misteriosa que nunca aparece nas aulas e passa todo o seu tempo na biblioteca, devorando todos os livros ou resolvendo mistérios que os detetives não conseguem resolver, começa a desenvolver uma amizade com a garota que adora solucionar os casos que Kujo trás para a garota. 

Uma história bem Sherlock Holmes colegial. Acompanhamos a história de um jovem japonês no período entre guerras em um colégio de elite europeu. Ele é extremamente excluído por seus colegas por não ser branco, colocam apelidos e estereótipos e nesse meio tempo ele acusado de assassinato por ser encontrado no local do crime desmaiado. Uma colega bolsista genial que vive afastada dos outros e enfiada na biblioteca torna-se sua amiga e tenta ajudá-lo a solucionar o crime que está envolvido. O primeiro volume temos algumas respostas às investigações, porém a história é bem clichê, algumas coisas são bem jogadas na história, talvez seja porquê eu não gosto das histórias do Holmes.

Ademais, não sei se irei seguir essa série, bem provável que eu leia o próximo volume, pois é um mangá divertido, e apesar de ser clichê, é bem fluido e amei demais os traços, uma das protagonistas é toda no estilo lolita , super fofa e delicada (além de ser viciada em doce). A amizade da Victorica e do Kujo é fofa e começa a ter um desenvolvimento maior a partir do segundo volume. Enfim, é um mangá divertido e que dá para passar o tempo, mesmo não sendo um dos meus favoritos não tenho coragem de falar que é horrível, criei um laço afetivo com ele!!


 

27 de fev. de 2023

Resenha: A vegetariana, Han Kang

 Yeonghye deixa de comer carne depois de uma série de pesadelos aterrorizantes, mas não somente isso, ela fica cada vez mais distante emocional e psicologicamente de todos a sua volta, inclusive seu marido, e certamente isso impacta sua relação com todos os membros da família. Todos a julgam por não comer carne, e muito menos cozinhar para seu marido, ao longo do enredo vemos o quanto a mulher é subjugada pela sociedade às vontades do patriarcado, o quanto a relação da comida é também uma identidade nacional e social!


Foi uma leitura extremamente envolvente, que me prendeu do inicio ao fim, além disso me fez ficar o dia todo lendo, o que me fez terminá-lo em uma tarde. No início da história temos a narrativa sendo contada pelo marido de Yeonghye, intercalada com alguns pensamentos da protagonista. Em todo o momento o marido demonstra ser egoísta, preocupa-se apenas em como sua esposa deveria ser uma boa dona de casa, o quanto ela deveria cozinhar para ele e se apresentar perante a sociedade. O mais assustador é que ele não demonstra nenhum sinal de empatia pela própria esposa, apenas transborda a preocupação do quanto ela deve estar disponível, desse modo vemos um exemplo do quanto é exposto a condição da mulher perante a sociedade sul coreana e mesmo sendo um país moderno, o quanto está preso em dogmas patriarcais.

Outrossim, tal condição é reforçada quando há uma mobilização da família que preocupa-se, em primeira instância, fazer com que Yeonghye cozinhe carne ao menos para o seu marido, para posteriormente demonstrarem uma "preocupação" estranha em fazer com que ela coma carne, como se fosse o fim do mundo não comer, ou como isso a deixava "menos" coreano por causa disso.

 A primeira parte do livro apresenta alguns personagens e como eles reagem a Yeonghye, julgam-na pela dieta vegetariana e recorrem a várias falas "clichês" de quem come carne e não conhece absolutamente nada sobre uma dieta baseada em vegetais, além de alguns atos extremamente violentos. 

"Gritos e choros se sobrepõem e ficam encravados aqui. É por causa da carne. Comi carne demais. Todas essas vidas estão entaladas aqui." página 50

Ao todo o livro é dividido em três partes: A vegetariana; A mancha mongólica e por fim Árvores em chamas. A narração da primeira é pelo marido, e as outras duas são narradas e em terceira pessoa, todas as partes têm um foco narrativo em alguém próximo a Yeonghye e toda a narrativa, então, é "contaminada" por esse ponto de vista alheio sobre a situação da vegetariana.  Salvo os fragmentos de pensamento dela, não temos um contato mais direto com a personagem, um recurso impressionante para falar sobre o lugar que ela se encontra não tendo direito sobre sua vida nem sobre seu corpo, exceto os pensamentos.

Há diversos elementos, ademais, substanciais na narrativa e que enriquecem demais a obra, como a alimentação está ligada as relações interpessoais da personagem, isso fica evidente desde o inicio, conforme o marido descreve o relacionamento deles e como o ser vegetariana impactou a dinâmica do casal, posteriormente o da sociedade e família.

Não se engane, portanto, com o título achando que trata-se 'apenas' do vegetarianismo abrupto da personagem, há muito, muito mais (mesmo) a ser lido nessas páginas, é sobre a sociedade, saúde mental, o fio entre sanidade e insanidade, é sobre patriarcado, é sobre dominação de corpos, são relações quebradas que se obrigaram a permanecer juntas, é ato de ser humano. Com toda certeza um livro que me emocionou, me tocou de uma forma muito grande, sem dúvida foi uma das melhores leituras de fevereiro e um dos favoritos do ano!

23 de fev. de 2023

DIÁRIO2023 | Meu aniversário: Aquariana com ascendente em aquário

 

Haruhi Suzumiya


O tempo voa.. como sempre dizemos e quase incansavelmente! A vida passa tão rápido, por isso devemos nos dedicar a ela ao máximo, há coisas que merecem mais energia, outras nem tanto e podem ser deixadas de lado. Eu pensei muito sobre como gostaria de levar a vida nesse ano e como estou levando atualmente, o que gostaria de manter e mudar, e.... alerta de spoiler, quero mudar muita coisa.

Estou me dedicando a escrita do meu diário, quase todos os dias eu escrevo, não deixo intervalos muito grande entre o relato dos dias. Estou muito feliz, pois considero que estou fazendo uma boa quantidade de postagens tanto aqui no blog, tanto lá no canal comparando com o ano anterior.
 
Sobre literatura, estou com um caderno de leituras agora, tenho algumas metinhas também, inclusive continuo com a meta de 50 livros ao ano; e para a organização da minha vida no geral estou usando um planner. No quesito saúde estou aos pouquinhos voltando a fazer yoga, além de estar comendo mais comidinhas veganas, enfim, estou mudando muita coisa e muitos hábitos, principalmente porque fiquei bem doente semestre passado.

Estou atualmente passando por uma transição de estilo, estou finalmente me jogando na moda japonesa Kawaii que tanto aprecio, sim sou uma kawaii!! mas por muito tempo não consegui assumir essa moda, tive medo de muitas coisas, fora que desde adolescente as pessoas me enchiam o saco por usar rosa ou laços... com o tempo fui deixando de ser quem eu sou e a roupa para mim é parte fundamental de quem sou. Durante muito tempo senti que parte de mim estava sendo excluída do 'existir', sendo assim, esse ano estou decidida a renovar meu guarda-roupa, a me renovar e abraçar quem eu sou em todos meus aspectos!

Meu aniversário passei na Liberdade, comprei várias coisinhas, foi na segunda semana de fevereiro, compre algumas roupinhas kawaii, comi comidinhas japonesas com meu companheiro, tomamos sorve e passeamos pela Liberdade, foi encantador!

Enfim, esse é um resumão do meu aniversário e o quanto estive pensando em viver a maneira que sempre quis! Não importa quantos anos tenhamos, podemos nos descobrir com 20, 30, 40 anos.. o importante é viver de forma que possamos ser nós mesmos, que possamos nos divertir, estarmos confortáveis com quem somos!

5 de fev. de 2023

Por que ter um diário?| Eu tenho um diário e acho que você também deveria!

 Um costume que tenho desde criança é a escrita, isso não significa necessariamente que minha escrita seja excelente ou que não tenho dúvidas quanto a gramática, porém com certeza sou uma pessoa imaginativa e observadora. Certamente tendo ser uma melhor observadora, quero viver realmente e não estar entorpecida para as vivências e a vida em si.

Imagem pinterest
 

Ter um diário é uma forma de autoconhecimento, trás mais clareza das emoções, relações e pensamentos que temos. A escrita constante de um diário não somente nos ajuda a nos expressar e saber dar palavras ao que passamos, mas também serve de um registro de nossa vida. Nós estamos passando, atualmente, por inúmeras transições e momentos históricos nos últimos anos, há muito o que presenciamos e muito o que estamos vivendo ao mesmo tempo em tão pouco tempo. Mesmo que não tenhamos uma grande noção de toda a trama política, social e econômica a qual vivemos, algo que talvez seja quase impossível, ainda sim presenciamos muito e temos muito no que pensar, mesmo que seja dentro da nossa própria bolha de vida.

A realidade brasileira é extremamente dura e desigual, a maioria da população está preocupada em pagar as contas do mês e colocar comida no prato e para muitos parece não haver mais do que isso, pois o sistema sufoca e obriga a classe trabalhadora apenas a subsistir. Dessa forma, ter um diário para muitos pode parecer uma bobagem menor, pode parecer algo supérfluo ou simplesmente desnecessário. 

Porém, nesse post quero trazer esse senso de importância, pois ter um diário é preservar fragmentos da nossa memória, é preservar e ter uma identidade! O sistema capitalista tira a nossa identidade, nos faz apenas agirmos como máquinas de força de trabalho e nada mais, e o próprio sistema impõe que ter identidade é para poucos. Nós perdemos quem somos todos os dias que abrimos mão disso, mesmo que involuntariamente, por isso eu tento, mesmo que cansada do trabalho, da faculdade e tudo o que tenho na vida para cuidar, eu necessito cuidar da minha identidade, do meu ser, do que eu crio como o "eu", do que quero ser e tudo o que quero viver.

Todos os dias vivemos muitas coisas extraordinárias, porem são poucas vezes que estamos despertos o suficiente para notar, para sentir e para ter ao menos alguns segundos para ter consciência do que estamos vivendo. Quando foi a última vez que você olhou para as nuvens ou para as estrelas? Quando foi a última vez que você notou o sorriso de uma pessoa totalmente estranha no metrô ou no ônibus? Quando foi a última vez que você se olhou no espelho e se reconheceu como um ser humano que tem vontades, desejos e que tem uma identidade? Quando foi a última vez que você ficou mergulhado/a em seus pensamentos e apenas quis ter aquele momento único com você mesmo/a?

Ter um diário nos torna um tanto mais introspectivos, notamos que também somos seres importantes e que precisamos também de amor, de carinho e acolhimento. O mundo a nossa volta também é importante, também é importante lutarmos por causas sociais e usarmos nossa voz para quem não consegue usar nesse momento, temos um planeta inteiro para cuidar, mas também temos a nós mesmos, precisamos da sensação de estarmos vivos, de termos uma identidade, e precisamos saber que estamos ainda vivos.

Tudo isso que escrevi, portanto, para dizer o quanto um diário é importante e que você também pode e deve ter um diário! O quanto um diário está entrelaçado a nossa identidade e o quanto ele também é um fragmento da humanidade. Durante a pandemia eu comecei a escrever muito mais, quase todos os dias para me ajudar a lidar com a inseguranças, frustrações e os surtos constantes que tive. Hoje não me vejo sem meu diário, e como uma pessoa introspectiva me vejo muito mais segura e abraçada quando estou escrevendo e o quanto consigo compreender um pouco mais esse ninho de gatos brigando que é minha mente. 


3 de fev. de 2023

Resenha: Jane Eyre, Charlotte Bronte| Uma busca por seu lugar ao mundo

Como posso iniciar essa postagem?! Simplesmente foi um dos primeiros livros lidos nesse ano de 2023 e que me fez gastar horas de leitura, fiquei três dias seguidos dessas férias só lendo ele e parando a vida completamente! Fazia tanto tempo que eu não me dedicava à leitura dessa forma, a vida adulta acaba engolindo o que gostamos de fazer e para o sistema capitalista é considerado com "perda de tempo", enfim o foco é na resenha, sendo assim vamos a ela!!

Não me contentei em apenas fazer um vlog de leitura, tive que escrever aqui também!! Jane Eyre foi publicado pela primeira vez em 1847, é considerado por muitos como um marco no gênero de Romance de Formação e inicialmente era dividido em até três volumes. Jane Eyre é a autobiografia ficcional da personagem principal. A narrativa acompanha a personagem, Jane, desde a infância à vida adulta. Durante sua trajetória, ela mora em diversas casas que foram importantes para o desenvolvimento de sua personalidade e de seus valores morais. Em um primeiro momento, Jane é apresentada enquanto uma menina de dez anos, selvagem, desobediente e extremamente impulsiva que vive na mansão de Gateshead Hall sob a tutela de sua tia, a qual manda para uma "escola-orfanato" e vê-se, então livre da jovem. 

A educação na escola é severa, rígida e puni as alunas que não seguem a risca as leis cristã da instituição. Nesse ambiente Jane formará sua personalidade adulta e irá ficar cada vez mais contida, fará amizades com pessoas que serão fundamentais para a sua formação e entendimento da sua condição como mulher na Inglaterra vitoriana. Todavia seu mundo muda drasticamente quando vai ser preceptora de uma propriedade, tudo se abala e as coisas vão precisar mudar, porém algo que não muda, é o quanto ela busca pela liberdade e seu lugar no mundo. 

Apesar desse livro ter feito eu ler durante dias e só conseguir ler, e ter me empolgado demais no mundo literário e aguçado minha imaginação...Não chegou a ser meu preferido. Jane é uma personagem extremamente encantadora, corajosa e várias vezes doce e é feita para a leitora se identificar, pois é uma mulher que tenta encontrar sua identidade, amor, amizade, reconhecimento e sua independência.

Charlotte Bronte, ademais, é uma escritora excepcional no quesito descrição e ambientação, ela descreve muito bem cada cena, o que fica extremamente fácil de fazer um quadro mental do que estamos lendo. Além disso,  há vários detalhes na narrativa e na construção dos personagens é incrível! Admirei muito como a história é narrada em primeira pessoa e como faz a protagonista se aproximar tanto do leitor. Ora, durante a leitura não consegui deixar de comparar com "O Morro dos Ventos Uivantes" da Emily Bronte (Um dos meus livros favoritos), tendo em vista alguns elementos semelhantes entre as obras. Ambos livros citados trás o elemento critico da sociedade, trazem uma criança indesejada agregada à uma família, a qual está imersa em um ambiente violento e hipócrita coberto com o véu do cristianismo, da moral e dos bons costumes. Ambas as crianças nas histórias sofrem muito com a família que estão, seja fisicamente, seja psicologicamente.

Jane Eyre, portanto, é uma obra que embora traga inovação e escândalo para seu tempo, não chega a ser deveras extraordinária, mas indubitavelmente tem seu valor literário. Mesmo gostando da obra num todo, tenho criticas, claro, tanto o começo, quanto o final são extremamente arrastados, o leitor demora para engatar na leitura, talvez esse seja o ponto negativos mais relevantes a sere mencionados aqui.

Os pontos positivos, desse modo, são muitos e excedem os negativos, porém para concluir gostaria de ressaltar a fé da protagonista e o quanto isso a move! A força motriz da protagonista não é somente a busca de sua identidade, independência e de tirar seu sustento como mulher, orfã e pobre, mas sua fé em Deus. Sua fé a move e a consola nas piores situações possíveis, e creio que essa é uma das características mais fortes e que invade o leitor. A mim, por exemplo, me contagiou e me motivou a ter mais fé em mim mesma, a ter mais fé nos caminhos mágicos do universo, é como eu enxergo algo que se aproxima de "Deus". Enfim, foi uma leitura muito boa e envolvente, e que recomendo a todos os leitores do Exploradora de Páginas.


Leia esse post!

Não pise no meu vazio, Ana Suy

Essa foi mais uma leitura terminada nesse mês de março, a qual me fez bem no geral! O livro possui, em muitos poemas, uma metalinguagem sobr...