Resenha: Jane Eyre, Charlotte Bronte| Uma busca por seu lugar ao mundo

Como posso iniciar essa postagem?! Simplesmente foi um dos primeiros livros lidos nesse ano de 2023 e que me fez gastar horas de leitura, fiquei três dias seguidos dessas férias só lendo ele e parando a vida completamente! Fazia tanto tempo que eu não me dedicava à leitura dessa forma, a vida adulta acaba engolindo o que gostamos de fazer e para o sistema capitalista é considerado com "perda de tempo", enfim o foco é na resenha, sendo assim vamos a ela!!

Não me contentei em apenas fazer um vlog de leitura, tive que escrever aqui também!! Jane Eyre foi publicado pela primeira vez em 1847, é considerado por muitos como um marco no gênero de Romance de Formação e inicialmente era dividido em até três volumes. Jane Eyre é a autobiografia ficcional da personagem principal. A narrativa acompanha a personagem, Jane, desde a infância à vida adulta. Durante sua trajetória, ela mora em diversas casas que foram importantes para o desenvolvimento de sua personalidade e de seus valores morais. Em um primeiro momento, Jane é apresentada enquanto uma menina de dez anos, selvagem, desobediente e extremamente impulsiva que vive na mansão de Gateshead Hall sob a tutela de sua tia, a qual manda para uma "escola-orfanato" e vê-se, então livre da jovem. 

A educação na escola é severa, rígida e puni as alunas que não seguem a risca as leis cristã da instituição. Nesse ambiente Jane formará sua personalidade adulta e irá ficar cada vez mais contida, fará amizades com pessoas que serão fundamentais para a sua formação e entendimento da sua condição como mulher na Inglaterra vitoriana. Todavia seu mundo muda drasticamente quando vai ser preceptora de uma propriedade, tudo se abala e as coisas vão precisar mudar, porém algo que não muda, é o quanto ela busca pela liberdade e seu lugar no mundo. 

Apesar desse livro ter feito eu ler durante dias e só conseguir ler, e ter me empolgado demais no mundo literário e aguçado minha imaginação...Não chegou a ser meu preferido. Jane é uma personagem extremamente encantadora, corajosa e várias vezes doce e é feita para a leitora se identificar, pois é uma mulher que tenta encontrar sua identidade, amor, amizade, reconhecimento e sua independência.

Charlotte Bronte, ademais, é uma escritora excepcional no quesito descrição e ambientação, ela descreve muito bem cada cena, o que fica extremamente fácil de fazer um quadro mental do que estamos lendo. Além disso,  há vários detalhes na narrativa e na construção dos personagens é incrível! Admirei muito como a história é narrada em primeira pessoa e como faz a protagonista se aproximar tanto do leitor. Ora, durante a leitura não consegui deixar de comparar com "O Morro dos Ventos Uivantes" da Emily Bronte (Um dos meus livros favoritos), tendo em vista alguns elementos semelhantes entre as obras. Ambos livros citados trás o elemento critico da sociedade, trazem uma criança indesejada agregada à uma família, a qual está imersa em um ambiente violento e hipócrita coberto com o véu do cristianismo, da moral e dos bons costumes. Ambas as crianças nas histórias sofrem muito com a família que estão, seja fisicamente, seja psicologicamente.

Jane Eyre, portanto, é uma obra que embora traga inovação e escândalo para seu tempo, não chega a ser deveras extraordinária, mas indubitavelmente tem seu valor literário. Mesmo gostando da obra num todo, tenho criticas, claro, tanto o começo, quanto o final são extremamente arrastados, o leitor demora para engatar na leitura, talvez esse seja o ponto negativos mais relevantes a sere mencionados aqui.

Os pontos positivos, desse modo, são muitos e excedem os negativos, porém para concluir gostaria de ressaltar a fé da protagonista e o quanto isso a move! A força motriz da protagonista não é somente a busca de sua identidade, independência e de tirar seu sustento como mulher, orfã e pobre, mas sua fé em Deus. Sua fé a move e a consola nas piores situações possíveis, e creio que essa é uma das características mais fortes e que invade o leitor. A mim, por exemplo, me contagiou e me motivou a ter mais fé em mim mesma, a ter mais fé nos caminhos mágicos do universo, é como eu enxergo algo que se aproxima de "Deus". Enfim, foi uma leitura muito boa e envolvente, e que recomendo a todos os leitores do Exploradora de Páginas.


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