A cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom

Essa resenha vai ser um pouco grande, tenho muito para falar desse livro, afinal é meu primeiro contato com Schopenhauer e sua filosofia, que em certos aspectos achei muito interessantes, outros achei muito massante, apenas pelo fato de alguns aspectos parecerem muito repetitivos, ou porque meu espirito atual não condiz com alguns pensamentos do filosofo. enfim, vamos a resenha.

A história se passa em torno das terapias em grupo coordenadas por Julius Hertzfeld, e a influência e participação de um antigo paciente, Philip Slate. O Livro utiliza de atualidades no mundo da psiquiatria e psicologia fazendo um enredo com a filosofia de Arthur Schopenhauer, filósofo do século XIX que afirma "viver é sofrer". Instigando o auto-conhecimento de cada um.

Autor: Irvin D. Yalom 
Número de páginas:334
Editora: Ediouro 
Tradução: Beatriz Horta 
Onde comprar: Amazon  
Demorei demais para terminei esse livro, e não sei bem o porquê. a narrativa é fluida, os personagens são bem interessantes, e atrevo-me a dizer que o que mais prende o leitor ao livro é a história do grupo de apoio, não a biografia do filósofo alemão, Schopenhauer. Algo interessantíssimo da narrativa, é que o autor intercala a biografia de Schopenhauer com a história do grupo de apoio, exemplificando a filosofia de Schopenhauer com situações dos indivíduos do grupo, assim como alguns personagens tomam mais destaques. 

O autor trás personagens um tanto complexos, com seus problemas psicológicos já sendo tratados pelo psicanalista Julius, então o estado de seus problemas já estão meio caminho andado para o desenvolvimento de suas paranoias, ansiedade, medos, etc. Apesar de durante a leitura os personagens acabam crescendo ainda mais, e vão revelando mais ainda seus problemas e medos, avançando ainda mais no tratamento do grupo de apoio. 

"Adquirimos um conhecimento através do corpo que não podemos conceituar e comunicar porque a maio parte de nossa vida interior é desconhecida para nós. A vida interior é reprimida e não pode ser conscientizada porque conhecer nossa natureza mais profunda (nossa crueldade, medo, inveja, desejo sexual, agressividade, egoísmo) seria um peso maior do que poderíamos aguenta."- Página 222
Os personagens são bem peculiares e bem diferentes entre sim. Pam, é uma amante da literatura, professora universitária de literatura inglesa e da língua inglesa, que não consegue se desvencilhar de pensamentos obsessivos sobre seu ex amante e ex marido, além de guardar muita raiva dentro de si, e odiar Philip, o qual teve um envolvimento sexual com ela na época da faculdade, ele sendo um professor assistente e ela aluna. Philip  é um ex obsessivo em sexo, doutorado em filosofia, que quer tornar-se orientador usando a filosofia para mudar as pessoas, mas que nunca viveu plenamente, nunca se aproximou ou amou alguém, que tem problemas em se relacionar com as pessoas, e muitas vezes mostra-se uma pessoa desagradável e arrogante.

Bonnie, é uma personagem um tanto clichê, pois ela é gorda, sente-se solitária,  é insegura com a aparência e acha que não é importante como os demais, por vezes despreza sua profissão, bibliotecária (meu sonho ser bibliotecária hahaha), o progresso dela é legal, contudo...pareceu que ela foi um pouco esquecida no final, por causa de conflitos de dois personagens.

Rebecca, era a típica popular do colégio que formou-se em advocacia, ela tem problemas em aceitar que ela não é sua aparência, autoafirmação, e sente-se muito triste por não ter mais a beleza de quando ela tinha 20.
Gill, é um médico com problemas no casamento e fantasmas de seu passado ainda o assombram, assim como não consegue ser parcial ou pessoal em suas observações no grupo. Ao decorrer da leitura foi um dos personagens que fez muitas mudanças, e confessou várias coisas de seu passado ao grupo. 

Tony é o personagem rustico do grupo, ele é carpinteiro e por vezes ele não entende muito das citações filosóficas que Philip faz ou livros que Pam comenta, ele parece que representa o público que por ventura venha a ler o livro e não tenha muito uma bagagem literária ou filosófica abrangente, assim como tony pode ser uma representação da porcentagem da população americana que não tem muita instrução e tem sempre os mesmos pensamentos do "homem hétero branco", tendo em vista que está no grupo de terapia devido a sua relação destrutiva com a esposa. 

Julius, o terapeuta, é um personagem interessante, em meio a uma crise de existencialismo, após descobrir que tem câncer de pele, ele pondera sobre seu trabalho e se fez alguma melhora significativa na vida de algum paciente, então trata de buscar os arquivos de alguns de seus pacientes que foram seu fracasso profissional, vasculhando os arquivos encontra o de Philip, o qual foi seu maior fracasso. Julius em seu desespero momentâneo liga para Philip, marca alguns encontros para conversar sobre seu tratamento de 20 anos atrás.

É um livro bem profundo, portanto, foi muito bom poder conhecer mais um filósofo alemão, sua maneira de pensar e algumas de suas influências, com uma narrativa fluida, personagens interessantes e um enredo, não obstante mirabolante, apenas pessoas normais com problemas normais, prende o leitor do começo ao fim, com diversas situações emocionantes, o crescimento do grupo é incrível e bem emocionante. Ora, é uma leitura para conhecer Schopenhauer e um pouco mais sobre relações sociais e como somos seres sociáveis e mutáveis. 

Comentários

  1. Tenho muita curiosidade de ler Schopenhauer. Leio muitas frases e trechos escritos por ele e me identifico bastante. Já conhecia os livros de Yalom por nome, mas ainda não tive a chance de lê-los, mas acredito que seja uma boa porta de entrada para conhecer alguns filósofos =D
    Adorei a resenha!

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    Respostas
    1. Adorei o livro, ele é uma ótima introdução ao filósofo, além da construção dos personagens que é incrível e extremamente envolvente, recomendo.
      Estou animada para ler "Quando nietzsche chorou".

      Obrigada pela visita, Dora S2

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