Primeiras Estórias, Guimarães Rosa

 Esse ano passou tão rápido, parece que foi ontem que eu estava fazendo a FUVEST, mas não...Foi em janeiro, assim como já estou acabando o segundo semestre, o primeiro foi muito lindo e bem animado, o segundo tem sido muito trabalhoso, mas extremamente gratificante e menos desesperador também. Cresci tanto desde que entrei na faculdade, e tem me mudado ainda mais, para melhor!

Neste post vamos falar de Guimarães Rosa um dos meus autores favoritos e até agora não foi resenhado aqui, por um bom motivo, não havia terminado nenhum livro dele. Apesar de já ter lido alguns contos do Primeiras Estórias, é a primeira vez que termino e além disso, estudei-o durante algumas aulas de IEL II (introdução aos estudos literários II), então estou super empolgada. 

Autor: João Guimarães Rosa
Título original: Primeiras Estórias
Número de páginas: 238
Editora: Editora Nova Fronteira

Primeiras Estórias é um livro de contos publicado em 1962. Contém 21 contos que se passam, em sua maioria, em um ambiente rural não específico, espelhando situações e temas particulares e universais, que extrapolam o cotidiano, apesar de o retratar. É como o conto Amor da Clarice Lispctor, um momento de epifania, um desabrochar da mente e que em um dado momento faz com que os personagens transcendam esse cotidiano e experimentem algo que beira o sobrenatural. 

Esse livro é perfeito em cada sentença, é perfeito em cada vírgula, é magnífico em cada conto. Primeiras Estórias é uma reunião de contos, que não se ligam em enredo, mas trazem elementos semelhantes, como o real versus o mítico, um mundo transcendente, que apesar de flertar com o sobrenatural, não procura as respostas em deuses, mas nos próprios casos e epifanias. 

Trazem, também, formas breves e intensas, há, assim como em Sarapalha (conto do livro Sagarana) aspectos modernos experimentais. O conto "Nas margens da alegria", é um bom exemplo disso, contraste entre o surgimento de Brasília -que representa a modernidade- versus  a natureza, vida versus morte, alegria versus o contato com a desilusão, e tudo demonstrado por um narrador onisciente próximo ao olhar do protagonista, que é uma criança. 

Ora, os contos têm esse contraste entre alguns elementos como "Nas margens da alegria", são regionalistas, no entanto com histórias bem universais e que qualquer leitor pode se identificar. Assim também como em Amor da Clarice Lispector, que nos identificamos com o momento de epifania e despertar no meio do cotidiano, Guimarães tem uma maneira única de tocar seus leitores, nos fazendo mergulhar profundamente em seus estórias e transcender juntamente com o personagem. Ademais, vale ressaltar que cada conto tem seus próprios temas, uma "maneira" única de abordar as características comuns em cada um deles, personagens ricos e profundos mesmo para a brevidade do conto.

Como leitora, e agora como estudante de letras, portanto, considero que Primeiras Estórias é um ótimo livro introdutório para o autor, tanto para se acostumar ao regionalismo, escrita e outras formas que as obras roseanas trazem, são surpreendentemente tocantes e gostosas de serem lidas. Um conto que me arrepia toda vez que releio é "A terceira margem do rio", algo nele me deixa em um transe literário ( acontece no livro todo esse "transe literário")...É assombroso!! 

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