16 de fev. de 2025

Nosferatu (1922) | Quando NÃO gosto de um clássico!

Por conta da nova versão de Nosferatu que está no cinema, decidi assistir finalmente a versão de 1922 na integra. Caso você, caro leitor, não conheça muito bem, em 1922 o cinema era mudo, as atuações eram um pouco mais "exageradas", assim como as caracterizações, pois isso servia de marcadores para o espectador. 

Esse filme é um marco, além disso, é faz parte da subcultura gótica. O roteiro é uma adaptação do clássico romance Drácula, de Bram Stoker (Tem resenha aqui no blog). No entanto, devido à ausência de autorização por parte dos herdeiros do autor para uma adaptação direta, os nomes de personagens e locais foram modificados, preservando, ainda assim, a essência da narrativa original. 


O filme narra a história do Conde Orlok, um vampiro oriundo dos Montes Cárpatos que, movido por uma paixão avassaladora por Ellen, semeia o terror na cidade de Wisborg. Nosferatu é amplamente reconhecido como um dos precursores do gênero de terror no cinema, tendo sua estética visual exercido profunda influência sobre a cinematografia subsequente. Além disso, com seu protagonista de natureza demoníaca e atmosfera inquietante, a obra é frequentemente citada como uma representação autêntica do cinema expressionista da República de Weimar.

Como é um filme baseado em um grande clássico com uma narrativa muito conhecida, atualmente muito explorada, adaptada e readaptada várias e várias vezes, fica em um lugar muito comum para leitores e amantes do cinema do século XXI. Eu gostei de ter assistido, mas não conseguia ver as nuances e sutiliza que a crítica da época viu, ou a discussão que as pessoas trazem sobre, certamente vejo muito do subtexto que está presente na obra original de Drácula, como o repúdio ao estrangeiro/diferente do europeu branco, ou seja, o repudio do "outro". 



É um clássico do cinema que, cometendo muitos anacronismos, eu chego à conclusão de não ter gostado muito do filme em si, porém acredito que também há muita coisa no subtexto e referências da época que eu não peguei. Acho incrível sim como a história foi condensada e como tudo foi transformado em uma narrativa "fabular" e mais fácil de ser assimilada, recontada e penetrar no imaginário. 

Enfim, cheguei no momento o qual me deparo com um clássico e não gosto, não foi algo avassalador, e nem teve um efeito de "explodir minha mente". O que me incomoda e muito mesmo são as características antissemitas no conde Orlock, a associação com os ratos e a doença instaurada na cidade portuária por conta da "doença" desconhecida, pode ter sido consciente ou não. Talvez, só talvez, atualmente não se tenha muito essa leitura, porém, devemos sempre ter um olhar crítico e tomar cuidado para não apagar a histórias e os terrores que acometem a sociedade. Vivemos tempos sombrios, os quais nos exigem ter cada vez mais atenção, crítica e firmeza em nossos posicionamentos! 

Nosferatu não envelheceu bem, não é como outras obras cinematográficas da época que consegui me conectar. Com toda certeza o filme conseguiu trazer os efeitos da estranheza, a desconfiança, ansiedade, dúvida e afins em mim, porém, não me cativou a ponto de amar ou defender a obra, a qual foi produto de uma época e imaginário alemão. Foi um filme que definitivamente foi uma experiência cinéfila e sei muito bem da sua importância para a arte e influencia posterior, todavia, como você está cansado de ler, caro leitor, posso até gostar da estética, entretanto não gostei da obra em si! 



3 comentários:

  1. O Samu e eu assistimos a Nosferatu pelo mesmo motivo que você e tivemos, pasme, a mesma opinião também! É um clássico sim, mas não conseguimos nos conectar com a produção, apesar de Drácula ser um de nossos romances góticos favoritos, se não o favorito.
    Como representante do Expressionismo Alemão preferimos O gabinete do Doutor Caligari e quanto à história, preferimos Drácula mesmo. Ficamos tão decepcionamos que nem fomos assistir à nova versão no cinema, assistiremos em casa por streaming mesmo.
    Enfim, é triste, mas às vezes acontece de um clássico ser apenas um clássico porque ele inspirou muitos outros e não pelo real valor que ele tem em si mesmo.
    Quanto às características antissemitas elas são bem gritantes né? Não tem como não ver. É bizarro.

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  2. Estou querendo assistir ao Nosferatu que estava nos cinemas, conhecer a quase releitura da obra com pitadas de gore kkkkkk

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