7 de fev. de 2025

Passeio ao farol, Virginia Woolf

Cada livro que leio da Virginia Woolf me apaixono mais ainda pela escrita dela, pelos personagens e como ela retrata a mulher inglesa do século XX. 

Esse livro tornou-se o meu favorito, ficou comigo por semanas, foi meu companheiro de metrô, de ônibus, de momentos sozinha pela faculdade e solitudes da vida. Woolf sabe tornar a experiência de escrita uma imersão em um mundo completo, e indescritivelmente difícil de se sair. 

Essa resenha está acontecendo graças à parceria com a Livraria Unesp, localizada no 108, Praça da Sé, Centro de São Paulo. Muito obrigada a toda equipe incrível da Livraria Unespe!


Esse livro me acompanhou durante meses, li devagar, sem pressa, fui degustando cada página, cada seção e tornou-se algo sublime! Me senti abraçada por essa obra. O enredo é extremamente profundo e muito bem escrito. 

Considerado o mais autobiográfico dos romances da escritora inglesa Virginia WoolfPasseio ao farol é, como comentou a própria autora em seus diários, uma tentativa de exorcizar a figura da mãe e, em especial, a de seu pai, por quem nutria sentimentos ambivalentes que são analisados em minúcias nesta obra-prima do alto modernismo europeu.

Os Ramsay parecem uma típica família inglesa do começo do século XX, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. No entanto, através das lentes impressionistas de Virginia Woolf, temos acesso ao fluxo de consciência de diferentes personagens, mostrando os ressentimentos e disputas que se agitam entre os membros da família.

Neste clássico do modernismo europeu, os principais temas da autora, como a passagem do tempo, a solidão, o lugar da mulher e a função da arte, são explorados com a sutileza ímpar pela qual Virginia Woolf se tornou conhecida. Através de uma escrita que não tem medo de mergulhar no inconsciente dos personagens, Woolf investiga a própria infância e exorciza fantasmas familiares.

Os personagens são intrigantes, principalmente as mulheres! Woolf escrevia e descrevia as mulheres como ninguém! De uma forma extremamente profunda, cheia de emoção, arte e poesia e detalhes emocionais e psicológicos! A primeira guerra mundial fica como pano de fundo até membros da família serem convocados e acontecimentos drásticos mudarem a rotina e os rumos dos Ramsay. Mas o maior foco é as relações entre cada membro, como eles desenvolvem a admiração e afeto, como lidam com as dinâmicas internas e como são como indivíduos. 

A narração é em fluxo de consciência, ou seja, é uma técnica literária (e também conhecida como metáfora psicológica) que possui o objetivo de descreve o "processo de pensamento" de um personagem ou a forma como os pensamentos fluem na mente. Basicamente, é transcrever os pensamentos e emoções de um personagem, de forma a mostrar o seu ponto de vista e a sua visão da realidade como um todo. 

O fluxo de consciência é caracterizado por um estilo de monólogo interior, em que a narrativa flui sem as restrições da gramática e da estrutura de frases. Essa técnica que surgiu com os escritores modernistas, como a própria Virginia Woolf e James Joyce. Tendo em vista essa técnica, conhecemos muito mais dos personagens, é como se conhecêssemos a alma de cada um deles e isso é uma jornada extraordinária. Simplesmente um livro assombrosamente delicioso de ser lido, muito instigante, poético e delicado. Personagens femininas sendo escrita por uma mulher é totalmente diferente! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

OS COMENTÁRIOS OFENSIVOS E INCOMPREENSÍVEIS SERÃO EXCLUÍDOS!!!
Assim como:
-Contendo qualquer tipo de preconceito!!!
-misóginos
- Uso de palavras de baixo calão
Dê sua opinião de maneira elegante e respeitosa, e caso for discordar de algo respeite o ponto de vista alheio!!
Ressalto que os comentários de visitantes e leitores não refletem necessariamente a minha opinião.
QUALQUER COMENTÁRIO QUE NÃO ESTEJA DENTRO DAS DIRETRIZES SERÁ EXCLUÍDO

Leia esse post!

Razão e sensibilidade, Jane Austen

Esse é o segundo livro da maratona literária de inverno 2020 que termino, e como o escolhi para o desafio certo! "Um livro suspeito  de...