31 de jul. de 2017

Resenha: O cortiço de Aluísio Azevedo

Uma das diversas capas :)
Fala nerds.. Peço milhões de desculpas pela demora das postagens, estou com uma montoeira de livros para ler, matérias do vestibular para estudar, meu pc que está com problemas; enfim.. uma loucura que não estou sabendo administrar. Mas.. vida que segue. Adoro ler resenhas, adoro ler livros, e um dos livros que terminei essa semana e demorou foi O cortiço.


    Primeiramente, apenas o li porque está na lista de leitura do vestibular, e algo que começou com curiosidade e uma certa obrigação, se tornou algo que gostei e descobri (redescobri, talvez) a literatura clássica brasileira. Este é o primeiro livro do Aluísio que leio, e me surpreendi com a leitura, com a forma de diálogos, e de certa forma, os costumes e  como as pessoas pensavam no fim do século 19.

    Aluísio de  Azevedo era naturalista, e adotava a filosofia de H. Taine, o determinismo, isto é, que o homem é produto do meio; observando o homem de maneira inexorável , atrelando à sua herança genética, ao meio social e ao seu momento histórico. Percebemos nitidamente o determinismo no personagem português Jerônimo, que foi se abrasileirando, tornando-se preguiçoso, tomando cachaça e café, aceitando o samba, e a maneira de viver no cortiço.
   Segundos estudos literários: Aluísio sofreu larga influência do francês Émile Zola, cuja qualidade máxima é, por excelência, representar a realidade com rigor científico e criticar, por meio de denúncia social, a corrupção dos costumes sociais. (trecho retirado da apostila do curso poliedro).

   Quando li o livro algo que de certa forma me incomodou foi o descritivo detalhista, minucioso, (consequência de pertencer à um escritor naturalista) o que resultou em um ritmo narrativo lento, mas em  contrapartida prende a atenção em algumas partes da história. O escritor se preocupa em denunciar o perfil moral das personagens da sociedade. Com isso, os tipos humanos vis, mesquinhos, focados nas camadas mais baixas da sociedade. Cada personagem representa algo, o Miranda a alta sociedade da época, o João romão, o capitalismo excessivo. Dentre outras os desvios morais, sexuais, vícios humanos,  ou seja, o livro é repleto de pessoas que se tornam ruins devido ao cortiço.

   A proposito, quem é a personagem principal é o próprio cortiço. Vemos nitidamente, no trecho que se abre o capítulo II :

 "durante dois anos o cortiço prosperou de dia para di, ganhando forças, socando-se de gente".

 E toda pessoa que se muda para o cortiço, se transforma em algo ruim, pois é caro leitor, desde desvios sexuais -algo que é retratado de mais no livro, e que chega até ser um pouco cansativo-  à assassino e adúlteros.

      O foco da narrativa é em terceira pessoa,  muito comum à escola realista-naturalista (isso eu aprendi na aula de literatura haha) Consequentemente, fica mais fácil relatar os fatos e acontecimentos, e fazer a denúncia social de maneira isenta e impessoal. Além do tipo de narrador, que é onisciente, que nos traz informações sobre tudo e todos. O tempo narrativo é linear, ou seja , predomina a diacronia temporal, com a exceção de alguns "flashbacks", ou digressões.

    Um dos pontos que achei mui divertido é a zoomorfização dos personagens. por exemplo, no capítulo II, que já começa a mostrar essa característica. Os humanos são comparado, com certa frequência, à animais, enquanto o cortiço é humanizado.

     Todavia, apesar do livro ser excelente, não me apeguei aos personagens, talvez as única personagem que eu cheguei a ter pena é a Bertoleza, que infelizmente tem um final trágico. E Rita baiana que, no meu ponto de vista, é um dos personagens mais emblemáticos e inesquecíveis da história.   Em Suma, este é um livro, que apesar de ser de fácil compreensão pela linguagem, é pesado, em seu conteúdo, tendo uma denuncia à sociedade carioca da época, torna-se de fato pesadíssimo.
      Que  denuncia é essa, afinal de contas?? são tantas coisas, como por exemplo, abuso sexual, abuso do poder policial, corrupção, falta de moralidade e falta escrúpulos para se chegar a ascensão social, o materialismo excessivo, inludia. O livro aborda até mesmo questões como o caráter das pessoas, o quão questionáveis são, por exemplo, a personagem Pombinha, a flor do cortiço, que inicialmente parecia uma "alma tão boa", mas ao casar, sai do cortiço com a maior arrogância e desprezo pelas pessoas e pelo lugar.
    O livro é de alta qualidade e trás questionamentos para qualquer época e qualquer sociedade.

Se você também vai fazer o vestibular recomendo a resenha do Vai ler um livro, a qual é feita pela Tatiany Leite.  


 Espero que tenham gostado do post, apesar de são ser uma ótima resenha..vou trabalhosa hehe com o tempo vou aprimorando.Para criticas, sugestões deixe seu comentário ;)


2 comentários:

  1. Li esse livro no Ensino Médio. Fiz um trabalho sobre, no dia do trabalho eu nem havia terminado de ler, mas li um remuso do final para poder apresentar e depois continuei lendo, o povo ate estranhou e eu falava "comecei vou terminar" Mas na boa, achei esse livro muito ruim, tudo bem que é um clássico, mas como uma menina disse no Skoob, "são personagens mal caráter e podres, mostrando bem o jeitinho brasileiro de se viver". Li muitos livros de vestibular no Ensino Médio, até alguns que não fui obrigada, só falaram sobre por falta de tempo no cronograma e eu peguei mesmo assim. Mas este, mano do seu, achei insuportável. Mas a sua resenha ficou incrível!

    Bites!
    Tary Belmont

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  2. Ah, sobre a parceria flor, Você tem um bannerzinho para eu colocar no meu blog? O meu as pessoas usam o meu banner principal mesmo, só arrumam o tamanho. Eu posso deixar no jeito se tu quiser. Eu te tenho no Facebook? Me adiciona lá ^^ http://www.facebook.com/tarybelmont

    Bites!
    Tary Belmont

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